sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Luis Fernando Veríssimo - fique um pouco mais, pode ser?


Luis Fernando, perdoe a intimidade. Não li nem um terço dos seus livros. Dos que li, normalmente nas férias, numa cadeira de praia ou coisa assim, adorei todos. Setenta livros publicados parece muito, mas nessas horas é pouco. Desejo apenas que fique mais tempo conosco. Sua autenticidade faz falta. Não te conheço pessoalmente, mas quem te conhece sabe. E estou confortável com a imagem que fiz de você ao longo dos anos. Fala pouco, trabalha muito e é um exemplo de simplicidade. A imprensa nunca exagerou, nem nos erros, nem nos acertos. Isso só dá certo ao longo dos anos pra pessoas com atitude. Está bem assim. No Brasil, entre nós, temos poucas pessoas públicas as quais podem mesmo servir de exemplo do bem. Infecção pra quê? Nada disso.

Lembro de uma entrevista sua sobre o lançamento de "As Cobras - Antologia Definitiva", em 2010. Rolava de rir com as respostas, simples, pra variar. O jornalista perguntava: "porque desenhar cobras?" Resposta: "porque é mais fácil, só tem pescoço...". Jornalista: "E porque parou com As Cobras nos anos 90?" Resposta: “Parei, como eu disse na época, porque estava fazendo coisas demais. E também porque não ficava bem um homem de sessenta anos ficar desenhando cobrinhas”. Nada mais Veríssimo...

As Cobras - simplicidade, pouco texto, muito significado
Ok, se por uma absurda issíssima suposição, o pior viesse a acontecer, duvido que você pare de trabalhar onde quer que esteja. Nossa cultura e nossas artes precisam de uns joelhaços, tem muita gente sem noção, "se achando". Você poderia ajudar essas pessoas em outra esfera, dar um puxões de orelha, ensinar como se trabalha pela cultura do país. Não duvido disso.

Mas, em minha modesta opinião,  ainda não é hora de entrar pra história, você tem que tocar sax ainda, em algum bar legal de Porto Alegre. Alguém lá encima certamente vai dizer "-pode entrar que a casa é sua", mas ainda não. Não entre nessa de "sentir uma imensa paz  e uma luz maravilhosa", é furada. Queria ter a chance de ao menos cumprimentá-lo um dia, te ouvir tocar. É famosa a sua cordialidade tímida pra com admiradores. Também sou tímido, vai dar certo. Não vá ainda, fique um pouco mais ou te damos um joelhaço...

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