Por Luiz Souza Filho/Porto Alegre
Antônio Carlos Santos Rosa é professor universitário
aposentado (UFRGS). Meu amigo de longa data, parceiro de trabalho e irmão
filosófico, sobre quem eu pensava que sabia bastante, me causou uma grande
desilusão que levei semanas para metabolizar.
Ele tinha um lado de sua vida que expertamente escondeu de
mim durante todo o tempo em que vínhamos convivendo. Eu sabia e apreciava sua
vida acadêmica como professor da UFRGS, sua atuação como parceiro emérito na
consultoria de empresas e como meu conselheiro pessoal. Mas como tudo não é
perfeito, o ROSA tinha um lado “B” que eu, como suposto amigo, me julgava no
direito ter sabido antes, mas que sequer supunha que existia. E isto pra mim
foi demais. Mas vamos ao caso.
No final do ano passado ele entrou no meu escritório e com
uma expressão de gato que lambeu o mel e quebrou o pote me estendeu a mão com
um livro de sua lavra que coloquei na fila junto a o Michael Moore, David
Nicholls, James Kaplan e Moacyr Scliar, que me aguardavam para serem
degustados. Até que um belo dia minha esposa me perguntou com a maior
naturalidade: ”o que achaste do livro do Rosa?”
Só que eu não achava, pois ainda não tinha lido magoado por
não saber do lado “B” do professor.
Abri só para folhear e encontrei o convite abaixo lá dentro do
dito cujo. E vi que estava semanas atrasado para a sessão de autógrafos que seria (e foi) na
60ª Feira do Livro de Porto Alegre, um dos maiores e o mais antigo evento
literário do Brasil, ao qual no ano passado eu tinha comparecido.
Como podia um amigo de tantos anos me ter tratado desta
maneira, escondendo tão bem escondido o segredo de que é escritor. Comecei a
ler na hora, por mera penitência, e só fui parar às 3 da manhã seguinte, no fim
do livro. E a mágoa tinha sumido, devido às horas de encanto e magia que sua
obra me proporcionou. Obrigado Rosa por
seres meu amigo e por teres escrito A BANDA. Pudera quem sou eu para contrariar
Luis Fernando Veríssimo. Veja o que ele diz no prefácio do trabalho:
“Histórias há muitas, fantásticas ou não fantásticas.
Qualquer vivente com imaginação ou poder de observação pode inventar ou contar
uma história. E como todo mundo tem pelo menos um pouco de imaginação e presta
um mínimo de atenção, não há grande mistério em produzir ou reproduzir uma
história. Mas se é assim, o que distingue as boas histórias das histórias
corriqueiras, das histórias de qualquer um? A diferença está no contador. A
história só é boa se o contador sabe contá-la, se for alguém fora do comum, ou
que tenha a capacidade de transformar qualquer relato numa narrativa que nos
prende. ANTÔNIO CARLOS SANTOS ROSA é um desses contadores privilegiados. Tem
ótimas histórias para contar e, decididamente, sabe contá-las. Neste caso, o
adjetivo fantástico serve tanto para as histórias contadas em A BANDA quanto
para o seu autor.” Assinado, Luis Fernando Veríssimo.