Por anos me pergunto se entendi bem esse negócio de motivação. Afinal quem engoliu quem? O mundo corporativo engoliu a motivação ou o contrário? E essa palavrinha sempre vem junto com a tal da paixão. “Temos que motivar nosso time a cumprir desafios, realizar com garra para obter nossos resultados e tudo isso com paixão!” Pra não ser redundante nem piegas, me lembro claramente de algumas passagens:
Convenção Nacional realizada em lugar paradisíaco. Mais de 700 pessoas chegando com colares havaianos, lindas garotas dançando axé, comida a valer, coquetéis de fruta, mar azul, sol de rachar. Tudo decorado, palco, iluminação, pirotecnia. O mestre de cerimônias era um ator famoso e tinha até um convidado especial pra falar de superar desafios – o maior jogador de basquete dos últimos tempos, querido por todos. Até uma montanha de bolas foi comprada pra ele autografar pra galera. A equipe de vendas estava com a adrenalina lá em cima. Flashes pra todo o lado. E nós, gerentes da turma, com a missão de manter a adrenalina da equipe em alta e olhos sempre brilhando. Tudo perfeito - sobe no palco o Presidente da empresa, seus diretores e o ator famoso. Tá lá toda a liderança da empresa reverenciando seus colaboradores, fizeram um filme cheio de gente se superando, suando, babando. O tema: futebol e Olimpíada, bem propícios. Uma grana federal investida, muito sacrifício pra estar ali com toda a equipe, alegria geral...até o anuncio das metas pro ano. Nos bastidores, a briga de um mês entre os diretores que concordavam com a meta super extrapolada e os que diziam que era loucura, estava no desfecho – “botou na apresentação pra matriz aquele número insano, agora temos que assumir com determinação”. Saiu gente chamuscada. A beleza do momento durou exatos 15 minutos e aquilo que era pra ser a famosa cenoura que vai na frente virou um nabo vindo por atrás. Na verdade, ficou difícil de saber quem é burro e quem é cenoura. Dali por diante, foram quatro dias de treinamento bizarro, onde as pessoas esqueceram o mar, o coquetel e as garotas dançando. Quase ninguém viu o mar, apenas 16 horas diárias de treinamento pra lançar os próximos quatro produtos, não deixar as vendas das marcas consolidadas caírem e preencher as planilhas do case de negócios. Aqueles cases quilométricos, como uma gincana onde o que sobra no final, além das noites mal dormidas, é suco de cérebro, o pó da equipe, só a capa do Batman. Mas os olhos precisam continuar brilhando, olhos de sangue mirando o horizonte azul. O jogador de basquete disse: "vocês conseguem!"
Tirando os clichês, quer saber o final dessa história? Passou um tempo, a liderança da casa já foi pra outra empresa, uns por opção, em cargos melhores. Outros, porque não concordaram com a bizarrice toda, foram demitidos ou se desgostaram. A Força de Vendas? Cada um foi pra um lado, os mais resilientes até foram ficando, outros foram promovidos por terem ajudado a tirar o sangue do pessoal com a tal “cenoura” e outros foram embora para o concorrente – estão todos chegando em outro resort, pra uma convenção animal, com direito a meninas dançando, um jogador famosos falando de desafios, palco iluminado, tudo preparado...
Convenção Nacional realizada em lugar paradisíaco. Mais de 700 pessoas chegando com colares havaianos, lindas garotas dançando axé, comida a valer, coquetéis de fruta, mar azul, sol de rachar. Tudo decorado, palco, iluminação, pirotecnia. O mestre de cerimônias era um ator famoso e tinha até um convidado especial pra falar de superar desafios – o maior jogador de basquete dos últimos tempos, querido por todos. Até uma montanha de bolas foi comprada pra ele autografar pra galera. A equipe de vendas estava com a adrenalina lá em cima. Flashes pra todo o lado. E nós, gerentes da turma, com a missão de manter a adrenalina da equipe em alta e olhos sempre brilhando. Tudo perfeito - sobe no palco o Presidente da empresa, seus diretores e o ator famoso. Tá lá toda a liderança da empresa reverenciando seus colaboradores, fizeram um filme cheio de gente se superando, suando, babando. O tema: futebol e Olimpíada, bem propícios. Uma grana federal investida, muito sacrifício pra estar ali com toda a equipe, alegria geral...até o anuncio das metas pro ano. Nos bastidores, a briga de um mês entre os diretores que concordavam com a meta super extrapolada e os que diziam que era loucura, estava no desfecho – “botou na apresentação pra matriz aquele número insano, agora temos que assumir com determinação”. Saiu gente chamuscada. A beleza do momento durou exatos 15 minutos e aquilo que era pra ser a famosa cenoura que vai na frente virou um nabo vindo por atrás. Na verdade, ficou difícil de saber quem é burro e quem é cenoura. Dali por diante, foram quatro dias de treinamento bizarro, onde as pessoas esqueceram o mar, o coquetel e as garotas dançando. Quase ninguém viu o mar, apenas 16 horas diárias de treinamento pra lançar os próximos quatro produtos, não deixar as vendas das marcas consolidadas caírem e preencher as planilhas do case de negócios. Aqueles cases quilométricos, como uma gincana onde o que sobra no final, além das noites mal dormidas, é suco de cérebro, o pó da equipe, só a capa do Batman. Mas os olhos precisam continuar brilhando, olhos de sangue mirando o horizonte azul. O jogador de basquete disse: "vocês conseguem!"
Tirando os clichês, quer saber o final dessa história? Passou um tempo, a liderança da casa já foi pra outra empresa, uns por opção, em cargos melhores. Outros, porque não concordaram com a bizarrice toda, foram demitidos ou se desgostaram. A Força de Vendas? Cada um foi pra um lado, os mais resilientes até foram ficando, outros foram promovidos por terem ajudado a tirar o sangue do pessoal com a tal “cenoura” e outros foram embora para o concorrente – estão todos chegando em outro resort, pra uma convenção animal, com direito a meninas dançando, um jogador famosos falando de desafios, palco iluminado, tudo preparado...
Nenhum comentário:
Postar um comentário