Tatata Pimentel 1938 - 2012 |
Pois poucos professores me marcaram tanto quanto Tatata Pimentel. Cursava comunicação social na PUC/RS e lembro que existia na turma de “bichos” um misto de curiosidade e expectativa sobre como seria. Tatata já era muito famoso como intelectual do jornalismo e televisão, o que aumentava ainda mais a mística em torno daquela figura de baixa estatura, olhar glacial e meio arrogante. Não era nada disso. Era pose. Quando Roberto Pimentel entrava na sala, passo miúdo, sempre elegante, entrava o ser humano, não “a diva”. A envergadura daquele cara não cabia numa aula de Teoria da Comunicação. Então ele falava tudo que vinha a cabeça, às favas com o programa de aula: “- Vocês merecem mais que isso e eu vou lhes dar”. E tudo se absorvia naquelas duas horas. História da arte, guerras, comportamento, etiqueta, fofocas, misticismo, filosofia, política, moda. Só perdia o humor pra perguntas burras – o olhar mudava, atravessava o interlocutor, o cenho franzia. Mas nunca vi perder a elegância pra destratar um aluno, não descia do salto – a didática e a língua afiada eram o antídoto. Lembro que se orgulhava de jamais ter dirigido um carro – “- Mestrado na África e não tenho a menor coordenação com aqueles pedais”, dizia. Era um usuário contumaz dos táxis de Porto Alegre.
Por ficar muitos anos
fora do Rio Grande do Sul, não soube mais do Tatata até hoje. Saber que tinha
sido demitido do Grupo RBS no final do ano de 2011 só foi menos frustrante do que saber da sua morte
aos 74 anos, possivelmente de infarto. Morreu dormindo. Vá em paz professor,
fica aqui minha modesta homenagem. Vejam vídeo do último programa apresentado por Tatata Pimentel, no final de 2011.
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