sábado, 22 de setembro de 2012

O Bina e o Walkman - A Cesar o que é de Cesar

Nicolai e Pavel
Inventores reféns de suas crias

Dois caras, dois destinos, duas histórias. Andréas Pavel e Nélio José Nicolai, inventores. Pavel é alemão naturalizado brasileiro, ex Diretor de programação da TV Cultura e produtor de documentários pra TV. Mas ficou conhecido como o inventor que registrou em 1977 a patente do avô do ipod, o walkman. Meses depois, a Sony lançou o aparelho e deu inicio a uma pendenga judicial que durou 24 anos. Reconhecida a paternidade da invenção, a gigante japonesa fez acordo com Pavel. Até então, Akio Morita, dono da Sony morto em 1999, era tido como o inventor do walkman. Nélio Nicolai, mineiro morador de Brasília, é o inventor responsável por tornar a expressão “Quem fala?” uma expressão morta. Eletrotécnico de formação, Quando trabalhava na Telebrasília, os trotes infantis eram a principal dor de cabeça da operadora. Obcecado por uma solução, inventou o bina, sistema que reconhece o número do telefone de quem liga (BINA é a sigla de “B Identifica Número de A”). Sem incentivo da empresa para a qual trabalhava, registrou o invento por conta própria em 1980. O corpo de bombeiros de Brasília, cansado de trotes, se interessou pelo invento de Nicolai e quatro Binas foram instalados na corporação. Daí pra que o sistema se tornasse famoso foi questão de tempo. E aí começou a luta de Nicolai pra provar que era o pai da criança, luta que, ao contrário de Pavel, ainda não foi vencida, apesar dessa e mais 40 invenções terem registro formal no INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial). No caso de Nicolai, até a Ericsson e a Bell Canada tiraram uma casquinha, sem falar no atual uso disseminado feito por operadoras de celulares. Segundo seu advogado, se fossem ganhas, seriam indenizações de mais de 180 bilhões de reais.

O ponto comum dessa história toda: dois gênios investem uma vida inteira na briga pelo usufruto condigno do mérito por suas invenções. Segue sem explicação essa obsessão humana por pilhar a idéia alheia e que comumente mostra seu lado mais sombrio dentro das próprias empresas. Tudo em nome da “saudável” concorrência de mercado. Nada mais primitivo. Nada mais humano.  

fontes: revista Galileu, revista Época, wikipedia 

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