Todo o 11 de setembro, ao longo
destes onze anos, lembro do meu avô. Lembro que falava da guerra como o
acontecimento mais marcante da geração dele. Com o olhar distante, dizia também que “só quem viveu
naquela época podia entender o que foi a II guerra, mesmo não tendo lutado nela.
Nossas vidas andavam em função daquilo e no rádio, era só que se ouvia.”
Quando se fala no 11 de
setembro nunca falta um comentário malicioso tipo “e Hiroshima não foi pior?”
ou “e o Vietnã? Não matou mais gente?”
O pensamento simples do meu avô
explica em parte essa contradição: para quem viveu o fato, perto ou longe, é
fato – aconteceu no tempo presente. Pra quem não viveu o momento ocorrido, por
mais que os registros não deixem esquecer, é história. E história contada não
tem o mesmo impacto. A tecnologia nos faz participantes de ocasos como os do 11
de setembro – a cobertura é instantânea, dá quase para estar ali em 3D. Mas naqueles
anos 30 e 40, era o papel do rádio.
Segundo a imprensa, dez anos
foram necessários para que os americanos assimilassem os atentados. Sinal disso é o número de pessoas presentes nas cerimônias do 11º ano, nos locais dos fatídicos. Locais esvaziados, comparando com 2011 (10 anos) e talvez, a partir de agora, tenha maior significado apenas para os parentes. Mas não
dá pra negar que um atentado daqueles no quintal do país que queria levar o mundo
nas costas, mexe com tudo – os EUA mudaram, por isso o mundo vem mudando. Se pra
melhor ou pra pior, o futuro vai dizer. Como dizia meu avô, só quem esteve lá
vai saber o que tudo isso significa.
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