Sigo pensando no post anterior, tão rico e perturbador que
chamou outro post. Coisa rara aqui no
blog. Dar celular pra crianças de 13 anos ainda não me convence, faltam
argumentos. A Dra. Wendy Sue Swanson foi cuidadosa em não assumir posições no
artigo do The New York Times, focando-se em dados de pesquisa. Isso me traz um certo
alívio. É natural titubear quando uma liderança de opinião tem um
posicionamento diferente do seu e vem com alguma base. Me pergunto se na rotina
de uma criança de 13 anos existe algum compromisso ou evento imprevisto que
torne necessário carregar um celular full
time. Me transporto ao dia em que fui à minha primeira festa, tinha 13 anos.
Meu pai não dormiu naquela noite, mas não se opôs a me dar uma carona, ida e volta.
E assim foi até que ele adquirisse confiança suficiente pra deixar que saísse e
voltasse no carro dos amigos, todos eles conhecidos e “filmados” de perto.
Escola da Flórida - estímulo ao uso didático |
Quando a criança adquire
o direito de ir a uma festa, leva de brinde a carona dos pais. Normal, faz
parte do pacote chamado “direito de ir e vir”. Mas não leva o direito de uso da
ferramenta (o carro). Uma criança não tem maturidade, prática, comedimento e muito
menos carteira de habilitação (ao menos no Brasil, onde o mínimo exigido é 18
anos). E, um detalhe importante: não tem
condições de pagar a gasolina que seja (por conta própria). Estou tentado a ver
o celular sob a mesma perspectiva – à medida que vão surgindo situações as
quais exijam comunicação em tempo real, vou prover isso: um celular “da casa”
com restrição de recursos (sem web ou quaisquer aplicativos supérfluos) e com
uma restrita lista de chamadas (casa, parentes, polícia, bombeiros, amigo
próximo da família). Esse aparelho fica “no hangar” até haver consenso (meu com
minha esposa) sobre se, para aquele evento “x”, o celular pode ser útil. Um
chip pré-pago será o combustível e qualquer necessidade a mais de uso poderá
ser descontada da mesada, mediante outro consenso. É a velha máxima motivacional
de que só é possível desfrutar a pleno daquilo que posso pagar, é assim com
tudo na vida.
Aguardo que uma nova tendência possa me surpreender - o uso produtivo do celular em sala de aula, por exemplo. Em algumas escolas americanas, a criançada é incitada a participar de jogos interativos na sala de aula. Também recebe SMS da escola com lembretes de suas tarefas de casa e de suas provas. É a área pedagógica se moldando aos novos tempos. Se isso for um caminho sem volta, prometo rever tudo.
Você concorda? Não? Viva
a diversidade...
fontes: Kajeet website, New York Times website, Folha online, The Pwe Research website.
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