Dia do Fotógrafo (8 de janeiro). Me peguei pensando como seria a
vida sem a fotografia. Aliás, como já foi. Pintar e desenhar era o que tinha
até por volta de 1840. A
fotografia guarda seus significados, independente do contexto. Está aí o grande
mistério. O momento eternizado revela apenas o instante. À imaginação resta o
trabalho de recriar o quadro por detrás daquele momento. Dos filmes pros
celulares. Ficou tão banal fotografar, me pergunto se temos a ideia da dimensão
dessa mudança em nossa vida?
O
ano era 1993, Porto Alegre (Rio Grande do Sul, Brasil, Mundo), contagem regressiva pro meu casamento. E casamento tem que ter foto boa. Boa não. Insuportavelmente boas. Botei na cabeça que não queria
um fotógrafo convencional, daqueles que eu sempre via chegar nas igrejas, maquininha na
mão, seguindo a noiva. Não queria. Nada contra, por favor, não me entendam mal.
Tive uma tia que viveu por uns 50 anos da fotografia. Pagava as contas a custa de muita foto
tirada em casamentos, tenho o maior respeito por essa profissão. Mas no dia do
casório queria algo inédito. Um fotógrafo jornalístico. Capaz de criar fotos
instantâneas, incidentais, justamente quando as pessoas não estavam olhando.
Acreditava que desta forma quem visse as fotos, teria um olhar mais franco,
tipo bastidor de evento.
Apesar de circular justamente na faculdade de comunicação, estava
enrascado. Tinha conseguido a promessa de uma amiga jornalista, mas furou comigo e, 15 dias antes do casamento, não achava o meu fotógrafo dos sonhos. Tava enrascado. Isso
até chegar na casa da minha avó numa tarde dessas e travar uma conversa que
mudaria tudo. Vovó tomava chá com uma amiga de muitos anos, Dona Lezith, companheira
desde os tempos de colégio. Quando entrei, fui apresentado pela minha avó:
–
Meu filho, eu acho que tu conhece o filho da Lezith. É o Thedyzinho, ele toca
num conjunto chamado Nenhum de Nós. Tú conhece, meu filho?
Quando ouvi aquilo e olhei pra aquela
simpática senhora de xícara na mão no meio da sala da minha avó, faltou voz.
Sempre fui um fã ferrenho do Nenhum de Nós e do Thedy Corrêa. Simplesmente
surreal.
-
E te digo mais, meu filho. Já falei pra ela do fotógrafo que tú precisas, não é
Lezith?
A
gentil senhora largou a xícara na mesa e nem piscou.
Sorrisos by Carlos Stein |
E
assim aconteceu. Foi com muita simpatia e no meio daquela muvuca que o Thedy apresentou o Carlos a mim e à minha namorada e
intimou-o a fazer as fotos. Graças a esse encontro insólito, tenho as melhores
recordações que se pode ter de um casamento. Serei sempre grato ao Thedy, à Dona Lezith e ao Carlos Stein. Sem essa pra lembrar, sinceramente talvez nem lembrasse do Dia do Fotógrafo.
Somos seu padrinhos e não sabíamos dessa história, hehehehehehe.
ResponderExcluirE eu... o fotógrafo, último a saber, inclusive esta postagem. Surpresa boa esse teu texto. Obrigado Daniel. stein@vivafoto.com.br
ExcluirQuerido Carlos! Durante alguns anos, inclusive na época desse post, tentei ter achar, mas sem sucesso! Passaram-se muitos anos, mas as lembranças daquele dia estão muito bem guardadas, uma melhor que a outra. Agora que te achei, já salvei teu mail. Um forte abraço e espero que esteja bem!
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