sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Olimpíadas - "Vai Brasil il il il il!!!!!!"


O vôo Olímpico do Urubú Malandro

Arthur Zanetti, o menino-ouro das argolas, tem que aproveitar a fama, aqueles 15 suados minutos. É bom aproveitar, ele merece. Num país onde a histeria coletiva em torno dos jogos Olímpicos vai dos cinco minutos antes da cerimônia de abertura até os cinco minutos depois da cerimônia de encerramento, e só o que ele vai ter. Depois, apoio mesmo só da família e amigos. Se vier um patrocinador legal, vai ser o céu. 

Foi-se Londres, vem Rio de Janeiro. De Londres, guardei Paul Mccartney cantando Hey Jude e o Mister Bin. Também vi a final do salto em distância. Enquanto revirava papéis na minha mesa, a TV me fazia companhia. Me chamou a atenção a câmera responsável por mostrar, num flash, o tênis do atleta queimando a linha do salto – e o merchandising da Nike até nessas horas. Meu filho foi mais inclemente: entre ver os jogos e brincar com o cachorro no pátio, deu de ombros e saiu correndo porta afora. Não posso ser hipócrita (nem por mim nem por ele). De quatro em quatro anos, uma fantasia olímpica se apodera do corpo dos meus amigos, de alguns parentes, do meu vizinho. O pessoal não pode sair de casa "porque hoje as meninas do vôlei de praia vão trazer o ouro" ou "a Fabiana Murer vai saltar hoje". E, se alguém perde, e uma catástrofe. Falta força de vontade, empenho, tranquilidade. "Cadê a medalha?". E o futebol e o basquete, dois dos poucos esportes com público autêntico no Brasil, viram pacientes desenganados se o resultado é prata e não ouro. O caminho entre o empenho e o resultado passa por uma histórica cultura de disciplina, esforço combinado e investimento na criação de gerações de esportistas. Ou alguém acha que o Michael Phelps é produto do acaso? Mas por aqui, tem mais a ver com o empenho pessoal do atleta brazuca mesmo. Ou alguém aí se disporia a ir a São Caetano (São Paulo) ver uma final de tênis de mesa pelo ranking brasileiro, pra apoiar CarolineKumahara? A propósito, ela é a brasileira mais bem posicionada no ranking mundial.

Com a copa e as Olimpíadas no Brasil, esse transe inexplicável vai piorar, ate por força dos meios de comunicação de massa e dos vorazes patrocinadores. Será “Brasil até morrer”, paixão e suor insano. Pena que, no momento onde deveríamos ver e encarar a realidade na vida, na política e no esporte, nossa bola nunca teve tão cheia. Pena mesmo.

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