Celio chegou irritado. Chuva de
merda. Fina e sutil. Fina e sutil. Essa era a frase do dia. O casaco na poltrona,
abriu um vinho e a janela. Raiva ou tristeza? Queria escolher um sentimento pelo
“passa fora” do amigo. Preferiu a segunda opção. Não que fosse novidade, sabia bem
que, no fundo, não podia contar com ninguém pra lances de dinheiro. Chega de
hipocrisia. Noite meio fria. Foi pra sacada, pôs o copo de vinho equilibrado no
parapeito. Se, pra cada gesto de virtude aprendida, desse pra deletar um
defeito nosso, seria tudo de bom, pensou. Deus ou qualquer mente superior que
tivesse essa capacidade de te dar a opção. Tem gente que caga pra Deus, então tá. Pensa noutro tipo de ser qualquer. O vigia da rua apitou. Isso, um vigia. Um vigia
supremo, encarregado de virar a chave e desvirar. Mostrou com atitudes um novo aprendizado
de vida, ele vem balançando uma chave e você pode escolher um defeito ou uma
deformação de caráter pra deletar. Como cada um na terra tem zilhões de
defeitos, pelo menos assim vai depurando e acelera um pouco isso de resgatar as faltas. Não ia doer nada, só uma noite de sono e pronto, cauterizado o defeito, você nem lembra mais que teve. Célio riu de toda aquela filosofia. Apesar do desconforto, a decepção não lhe caia bem. Pensou em nem procurar mais o amigo. Ma nem por tudo
na vida considerou mudar seu jeito de agir com tudo e com todos por causa de uma
rasteira. Ele queria ser melhor, cair, levantar e andar.
Fez aquele movimento de buscar um cigarro no bolso, então lembrou que não fumava mais. Mais um gole de vinho e aquela chuva fina. Noite longa, atrás de um jeito de pagar a dívida. O velho Célio de sempre. Triste, firme. Fina e sutil. Firme, triste e sutil. E no sofá, dormiu.
Fez aquele movimento de buscar um cigarro no bolso, então lembrou que não fumava mais. Mais um gole de vinho e aquela chuva fina. Noite longa, atrás de um jeito de pagar a dívida. O velho Célio de sempre. Triste, firme. Fina e sutil. Firme, triste e sutil. E no sofá, dormiu.
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