(Por Luiz de Souza)
Toda vez que alguém se torna
popularmente um exemplo de sucesso, no seu entorno surgem os mitos e as lendas.
Parece que o ser humano se alimenta disto. Ser bem sucedido não é credencial
suficiente de sucesso, tem que ter o milagre, a lenda. É preciso que, num certo
momento, surja na biografia do sujeito uma fagulha de algo inexplicável que
faça disparar o herói da moda. Foi assim com Silvio Santos e as canetinhas
vendidas na barca Rio-Niterói. Com Eike Batista garimpando ouro em Serra
Pelada ainda guri (o
próprio já desmascarou essa versão em biografia oficial, mas não adiantou) e
assim acontece com o Ministro
Joaquim Barbosa – menino
negro, franzino, de família pobre e operário de olaria no interior de Minas
Gerais.
Me pus a pensar nos silvios, eikes e joaquins que tivesse conhecido ao longo dos
meus 70 anos e que passam há quilômetros da mídia. Pessoas comuns das quais
ninguém fala e que não se tornam milionários nem juristas. Com esforço,
romperam o ciclo familiar de pobreza e dificuldade, pra virar o jogo. Nenhum
deles virou lenda urbana nem vai ganhar um epitáfio no fim de suas vidas.
Lembrei de um que particularmente me marcou. Não por ser também negro e quase
calvo. Mas pela dedicação ao trabalho, pelo desenvolvimento profissional que
tem conseguido e por eu reconhecer nele um globe
trotter incansável sempre na
busca dos bons resultados. E o Meu joaquim ainda é um poço de
modéstia e bondade. Já o da mídia, embora pareça ser um cara decente e que não
gosta de cantar marra, eu não conheço pessoalmente – nada posso afirmar.
Poucos anos atrás fiz um endorsement dele no LinkedIn. Transcrevo no inglês
em que foi redigido, assim os nativos dessa língua podem também saber mais
sobre ele.
I´ve met Claudionei Penha for the first time in 1993, when I was Director
of Marketing and sales for Czarina S/A -manufacturer of women´s shoes and
handbags- which since 1953 has been regarded the most appraised brand of
feminine shoes ever made in Brazil and also exported out of Brazil. I hired
Claudionei Penha not only because he had the adequate background in all the
stages of the footwear manufacturing and business, but mainly in the area of
development of products for the trading companies that were in charge for the
exports to USA and Europe. I hired him as Manager of the export business. Its
responsibility was to co-ordinate the development of shoes, bags and
accessories for the external market, keeping the accompaniment of the process
from the development order until the shipping of the finished production items
to the overseas customers. And he positively exceeded my expectations . Surely,
Claudionei Penha was one of the best hiring that I´ve made during my extensive
senior management career. I am proud of meeting him professionally and being in
contact all these years in which I could witness his successful career
development.
Meu joaquim, na realidade CLAUDIONEI
PENHA, tem hoje intensa atividade acadêmica como Professor Adjunto do
Departamento de design de calçados e acessórios na Faculdade de Moda - F.I.T. – Fashion
Institute or Technology de
Nova Iorque, sendo também Executive
Member do FGI – Fashion Group International. E é consultor de mercado para marcas
como Brown Shoe Company, Enzo
Poli, Vitória’s Secret. Nasceu
em Franca (São Paulo, Brasil). Aos 10 anos era entregador em uma pequena loja
da cidade enquanto estudava em meio período e aos sábados pegava na vassoura,
auxiliar de limpeza na mesma empresa. Com 14 anos chegou a vendedor da loja e
aos 16 já estava em Porto Velho (Rondônia, Brasil), como auxiliar
administrativo de uma lapidadora, tendo retornado a Franca com 18 já como
tradutor e professor de inglês, segundo ofício por 19 anos. Em Franca, entrou
para a indústria de calçados pela porta do escritório brasileiro da Lowell Shoe Inc., donde foi transferido para Novo
Hamburgo (Rio Grande do Sul, Brasil), para gerenciar o start up da empresa naquela região. Foi ali que
nos conhecemos e o contratei. Tinha as competências pra função, mas vinha com
“acessórios”: além do inglês (língua básica em Comércio Exterior), Meu joaquim era fluente em
alemão, espanhol e italiano (assim como o outro). E tinha um hobby peculiar que chamou a atenção: o
canto lírico. Mas em 1995, Claudionei recebeu um Green Card e foi quando o perdi para seus
primeiros patrões nos Estados Unidos - Ann
Taylor e depois Ralph Lauren, Via Spiga, Vera Wang Lavender, Sam Edelman,
Etienne Aigner e Franco
Sarto. Meio difícil concorrer.
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