quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

O Papai Noel que existe em mim

Como em toda a família, até aos 8 anos, acreditar no Papai Noel não era uma opção. Todo ano, meu tio batia ponto em nossa noite de Natal. Chegada a hora, tocava um sininho que fazia disparar o coração da gurizada. Claro que ninguém racionalizava muito, não percebíamos que era o nosso tio. A performance era perfeita e satirizada. Vinha lento aquele velhinho mais magro que a expectativa e com um sacão enorme sobre os ombros. A máscara do Papai Noel era simplesmente horrível. Marcou minha infância aquela máscara de plástico horrenda, com dois buracos pequenos que, diziam, eram olhos. Aquilo assustava, mas meu tio não sabia ser um Papai Noel sério, então as piadas e brincadeiras eram inevitáveis e desviavam a atenção daquela coisa estranha no rosto do meu tio.

A primeira vez que fui convidado pra ser Papai Noel pra um grupo de crianças numa festa de Natal, lembrei de cara da bendita máscara do meu tio. E lembrei da primeira pergunta que ele fazia quando batia o “olho” na gente: “ – Tú tá comendo tudo direitinho? Tá escovando os dentes? E na escola, tudo certinho?”. Não tive dúvida sobre o Papai Noel que queria ser. Seja qual for a festa de Natal, sempre baixa o meu tio daquele tempo. Apesar de muitos anos fora do Rio Grande do Sul, até o sotaque gaúcho ganha força. E, toda vez que faço o check da roupa, lembro de dar especial atenção ao rosto do “Papai Noel”, no espelho. Nada de máscaras assustadoras. E daí é abrir a porta do banheiro e aproveitar os 15 minutos de fama diante dos olhos brilhantes da meninada. Da primeira vez, só um cara não ficou convencido. Meu filho, vendo aquela performance e rôu,rôu rôus, focava minhas mãos. Virou pra mãe e perguntou: "-Mãe, esse Papai Noel tá muito parecido com meu pai, olha a mão dele...". Daquele dia em diante, a fantasia tinha dias contados. Achamos que era melhor contar. A partir dali ganhei um auxiliar de papai Noel. Hoje, depois de cada performance, ele me pisca o olho: "- Aí Pai, foi show de bola..."

Obrigado tio, a despeito da máscara. Ser Papai Noel não tem preço.

Feliz Natal pra todos!

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