Imagine o quadro – uma empresa lança um medicamento inovador para tratar determinado tipo de Câncer. O médico prescreve o medicamento e, caso o paciente tenha índice de melhora inferior ao mínimo esperado, será reembolsado do custo do tratamento. Se o dispensador do remédio for o governo, o paciente só continuará sendo reembolsado se o resultado, após três meses, também for o aquém do esperado. Isso me parece algo como “eu, laboratório, pretendo dividir o risco com o paciente caso meu medicamento não seja tão eficaz quanto nós imaginávamos...”. Isso faz sentido?
Velcade - estudo mostra que a doença avançou mais rápido em pacientes que tomaram |
Medicamentos pra Câncer são caros. Esse fato leva governos e sociedade a considerar alternativas aparentemente bizarras para que pacientes acometidos por diversos tipos de câncer possam se tratar. Na Europa, acordos do tipo “Cure seu Câncer ou tenha seu dinheiro de volta” se tornam cada vez mais comuns. A frase parece gozação macabra, mas o tema é sério. As farmacêuticas Onyx e Pfizer fecharam acordos com o governo italiano justamente nesse sentido. Pacientes em tratamento com o Nexavar (Câncer de Rim e Fígado) e Sutent (Câncer de rim) obtém a medicação gratuitamente nos primeiros três meses de tratamento. Porém antes do início do tratamento, é acordado um nível de resposta esperado. Passados os três meses, o paciente seguira sendo reembolsado apenas se o resultado ficar abaixo dos níveis acordados. O problema é a imprevisibilidade do Câncer. Contar com resultados de curto prazo é um tiro no escuro nesse tipo de acordo.
A Janssen-Cilag e o governo francês fizeram algo parecido com o Velcade (pra câncer ósseo) em 2007. O medicamento era o Velcade e, caso os resultados fossem modestos, haveria reembolso do custo. Dois anos depois, um estudo publicado no British Medical Journal mostrou progressão mais rápida da doença em pacientes que tomaram o remédio em comparação aos que não tomaram.
A Janssen-Cilag e o governo francês fizeram algo parecido com o Velcade (pra câncer ósseo) em 2007. O medicamento era o Velcade e, caso os resultados fossem modestos, haveria reembolso do custo. Dois anos depois, um estudo publicado no British Medical Journal mostrou progressão mais rápida da doença em pacientes que tomaram o remédio em comparação aos que não tomaram.
Segundo a matéria, Arthur Caplan, do Centro de Bioética da Universidade da Pensilvânia, pondera: "Nos cuidados de saúde, o mais necessário são evidências sólidas e comprovadas em ensaios clínicos sobre o que funciona. Não precisamos de programas de desconto, garantia ou um vale. Isso é praticar a má medicina."
fonte: Bol Saúde
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