Muitos alunos se queixam dessa dorzinha chata. Boa parte de nós jogadores de Squash teve ou tem ainda. A tal dorzinha no cotovelo, aquelas “agulhadas” que muitas vezes impossibilitam de jogar e até mesmo fazer gestos simples como um aperto de mão é a “epicondilite”. Está intimamente relacionada ao Squash e ao tênis. Navegando pela web, o artigo que achei mais interessante foi o “Epicondilite Lateral do Cotovelo” de Osvandré Lech, Paulo César Faiad Piluski e Antônio L. Severo. Aconselho a leitura. Aqui estarei fazendo um breve resumo deste artigo, onde ele cita também vários outros autores.
“A etiologia da Epicondilite lateral é variada, sua patologia, obscura e sua cura, incerta”. Portanto estamos lidando com uma patologia complexa, onde por várias vezes alunos tentam diferentes tipos de tratamento sem muita eficácia. E é exatamente o que nos alerta os autores deste artigo. As contradições sobre o assunto começam já a partir da sua nomenclatura: “Epicondilite”- referindo-se a um processo inflamatório do local, coisa que não acontece, uma vez que não foi encontrado em muitos estudos realizados, qualquer tipo de inflamação. Kraushaar e Nirschl sugerem que a degeneração tecidual e a falha no processo de reparação são os responsáveis pela patologia e não um processo inflamatório como faz supor. É também conhecida como “Cotovelo de tenista”. Esse nome também é equivocado, pois acomete principalmente trabalhadores, entre a quarta e quinta décadas de vida (95% dos casos), e não somente esportistas jogadores de tênis, squash, paddle e golfe (5% dos casos) afirmam os autores. Mas como o nosso interesse é voltado para o Squash, trabalharei em cima destes 5%.
Para quem não sabe o epicôndilo é aquele ossinho que fica próximo ao cotovelo, na verdade temos o epicôndilo medial e o lateral, entre eles encontramos o cotovelo. A patologia acontece exatamente na inserção de um músculo no epicôndilo lateral. Especificamente no caso do Squash, esta lesão esta mais relacionada ao tendão do músculo extensor radial curto do carpo e ao tendão do extensor comum dos dedos. Isso devido às repetições de extensão do punho e sulpinação do antebraço (movimento clássico do braço para bater na bola, como um chicote). Existem casos abordados pelos autores no artigo os quais relacionam a epicondilite a outros motivos.
As hipóteses mais aceitas nos tratamentos convencionais para a recuperação da epicondilite é repouso relativo, fisioterapia, exercícios caseiros e medicação. Devem-se evitar exercícios repetitivos e estáticos. Aquelas “talas” de velcro que muita gente utiliza são boas na recuperação, pois ajudam na imobilização. Quando cessar as dores deve-se começar exercícios ativos de punho e os estáticos para o fortalecimento da região evitando novas dores. Uma recomendação feita para os que sentem dor quando jogam e a mudança de empunhadura.
Osvandré Lech e Paulo César Faiad Piluski recomendam não utilizar os populares anti-inflamatórios, uma vez que não existe processo inflamatório envolvido na patologia. Já outros artigos dizem que devem usar os anti-inflamatórios. Para tirar a dúvida consultei o Dr. Ildeu Almeida que afirma que a “epicondilite” não é uma inflamação, e sim um processo degenerativo do tendão e na tentativa do organismo de cicatrização ocorre à inflamação. Então, os anti-inflamatórios devem ser usados apenas para cessar a dor e sem o intuito de curar a lesão. Alguns médicos realizam infiltração de 2 ml de sangue autológico (com origem do próprio corpo) para induzir uma cascata de cicatrização, melhorando com isso a degeneração do tendão e consecutivamente o processo inflamatório. Muito cuidado com as injeções de corticóide, caro leitor. Elas aliviam a dor no curto prazo, mas em contra partida causam deterioração do colágeno e não alteram o curso da doença. Também agem no processo inflamatório (assim como os anti-inflamatórios) e não na causa especifica da cura da patologia. A cirurgia só é aconselhada se as dores não melhorarem no prazo de 8 a 12 meses sendo feito o tratamento convencional.
Acredito que o melhor remédio para isso é a prevenção. Ou seja, você que joga Squash e não sente essas dores ou percebe uma dor fraca ou sensibilidade na região do cotovelo ou punho, faça exercícios de fortalecimento. Evite esse desconforto. Com os exercícios você evita o processo degenerativo do tendão. Exercícios como os de flexão e extensão de punho são ótimos, assim como os exercícios de sulpinação e pronação (giro) do antebraço. E para quem quiser saber mais detalhes, os artigos que usei como base para este post clicando aqui: artigo 1, artigo 2.
Fabio Milani - Professor de Educação Física pela Universidade de Maringá. Pós Graduado em Atividade Física e Saúde pelo Centro Universitário de Maringá. Professor e Técnico da Equipe de Squash de Maringá e Londrina. Campeão paranaense 1ª classe de Squash - 2011
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