Propaganda de Malboro: "Ei, pai, você sempre tem o melhor de tudo... até do Marlboro" |
Houve sim um tempo em que a regulamentação
publicitária não existia. Qualquer coisa era panaceia e as pessoas
acreditavam. Pra vender falsas verdades, valia tudo. Até usar o Papai Noel e
bebês pra vender cigarros. A indústria do tabaco focou um enorme esforço
promocional na família, nos esportes e no status social. Atletas famosos também
encorpavam o côro, defendendo o hábito de fumar. O “emagrecimento” causado pelo
fumo era vendido como ganho adicional – “Para alcançar um corpo esbelto,
ninguém pode negar. Alcance um Luky (cigarro Luky strike) ao invés de um doce”.
A sutileza passava longe dessas mensagens ególatras, agressivas e sem o menor
pudor. Há que se reconhecer a ousadia. E que tal, pra dar mais legitimidade pseudocientífica, alguns médicos como perfeitos garotos-propaganda? -“20.679 médicos dizem que Lucky Strike não irrita a
garganta”. Durante a 1ª guerra, uma propaganda incitava a que as pessoas
tirassem qualquer moeda de suas bolsas e enviassem aos “rapazes” nas
trincheiras e precisavam de tabaco. Chegou a citar uma manifestação de aprovação
do Secretário de Guerra americano Newton Baker: “O Departamento de Guerra
aprova a iniciativa e agradecemos a eles em nome dos homens feridos, soldados e
marinheiros que se alegrarão não só pelos presentes em si, mas principalmente
pelo espírito de cordialidade que os inspira”. Isso tudo não é piada (mas dá
vontade de rir) - é triste e aconteceu. Literalmente um esforço de guerra. Todo esse histórico se transformou numa exposição
itinerante, criada pelos médicos americanos Robert K. Jackler e Robert N. Proctor, da Universidade de Stanford (EUA). Eram 90 peças,
expostas durante os meses de agosto a outubro de 2011 no ICESP (Instituto do
Câncer de São Paulo, Brasil). A exposição abriu justamente no dia em que se sempre se comemora no Brasil o Dia Nacional de Combate ao Fumo (29 de agosto).
Até hoje a indústria do cigarro
vem se superando. Segue criando artifícios pra tornar o vício sempre presente na vida de
seus consumidores e os cigarros saborizados são a prova recente disso. Grandes
cidades, como São Paulo, Londres, Paris, por serem berços cosmopolitas, acabam
ditando tendências. E por isso mesmo, nessas regiões se concentra o esforço para fazer
frente, criando mecanismos de restrição ao fumo. Mas é ainda uma batalha longa
e sem final. Porém o atual empenho pró tabagismo é quase nada se comparado a todo esse lixo fascinante de propaganda antiga.
Papai Noel também relaxava fumando um Pallmall |
Joseph Goebbels,
Ministro da Propaganda de Adolf Hitler, foi quem cunhou a expressão: "Uma mentira
cem vezes dita, torna-se verdade". Ponto pra ele. Num passado não muito remoto era assim
que a selvageria funcionava. Hoje, propagandas de cremes de abacate para
estrias e de mangueiras pra jardim Flat Hose em canais de venda pela televisão
parecem absurdamente ingênuas. É o tipo de enganação que não acaba com o pulmão
de ninguém, só com o bolso. Concordo com Matt Ridley - o mundo está melhorando. Que assim seja.
fontes: ICESP website, Uol Notícias, Fashion Bubbles website, Stanford University website.
fontes: ICESP website, Uol Notícias, Fashion Bubbles website, Stanford University website.
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