sábado, 10 de setembro de 2011

Acredite - Papai Noel fumava PALLMALL


Propaganda de Malboro:
"Ei, pai, você sempre tem o melhor de tudo...
até do Marlboro"

Houve sim um tempo em que a regulamentação publicitária não existia. Qualquer coisa era panaceia e as pessoas acreditavam. Pra vender falsas verdades, valia tudo. Até usar o Papai Noel e bebês pra vender cigarros. A indústria do tabaco focou um enorme esforço promocional na família, nos esportes e no status social. Atletas famosos também encorpavam o côro, defendendo o hábito de fumar. O “emagrecimento” causado pelo fumo era vendido como ganho adicional – “Para alcançar um corpo esbelto, ninguém pode negar. Alcance um Luky (cigarro Luky strike) ao invés de um doce”. A sutileza passava longe dessas mensagens ególatras, agressivas e sem o menor pudor. Há que se reconhecer a ousadia. E que tal, pra dar mais legitimidade pseudocientífica, alguns médicos como perfeitos garotos-propaganda? -“20.679 médicos dizem que Lucky Strike não irrita a garganta”. Durante a 1ª guerra, uma propaganda incitava a que as pessoas tirassem qualquer moeda de suas bolsas e enviassem aos “rapazes” nas trincheiras e precisavam de tabaco. Chegou a citar uma manifestação de aprovação do Secretário de Guerra americano Newton Baker: “O Departamento de Guerra aprova a iniciativa e agradecemos a eles em nome dos homens feridos, soldados e marinheiros que se alegrarão não só pelos presentes em si, mas principalmente pelo espírito de cordialidade que os inspira”. Isso tudo não é piada (mas dá vontade de rir) - é triste e aconteceu. Literalmente um esforço de guerra. Todo esse histórico se transformou numa exposição itinerante, criada pelos médicos americanos Robert K. Jackler e Robert N. Proctor, da Universidade de Stanford (EUA). Eram 90 peças, expostas durante os meses de agosto a outubro de 2011 no ICESP (Instituto do Câncer de São Paulo, Brasil). A exposição abriu justamente no dia em que se sempre se comemora no Brasil o Dia Nacional de Combate ao Fumo (29 de agosto). 
Até hoje a indústria do cigarro vem se superando. Segue criando artifícios pra tornar o vício sempre presente na vida de seus consumidores e os cigarros saborizados são a prova recente disso.  Grandes cidades, como São Paulo, Londres, Paris, por serem berços cosmopolitas, acabam ditando tendências. E por isso mesmo, nessas regiões se concentra o esforço para fazer frente, criando mecanismos de restrição ao fumo. Mas é ainda uma batalha longa e sem final. Porém o atual empenho pró tabagismo é quase nada se comparado a todo esse lixo fascinante de propaganda antiga. 
Papai Noel também relaxava
fumando um Pallmall
Joseph Goebbels, Ministro da Propaganda de Adolf Hitler, foi quem cunhou a expressão: "Uma mentira cem vezes dita, torna-se verdade". Ponto pra ele. Num passado não muito remoto era assim que a selvageria funcionava. Hoje, propagandas de cremes de abacate para estrias e de mangueiras pra jardim Flat Hose em canais de venda pela televisão parecem absurdamente ingênuas. É o tipo de enganação que não acaba com o pulmão de ninguém, só com o bolso. Concordo com Matt Ridley - o mundo está melhorando. Que assim seja. 
fontes: ICESP website, Uol Notícias, Fashion Bubbles website, Stanford University website.

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