sexta-feira, 25 de junho de 2010

Cidade Fantasma

Portugal e Brasil, o jogo do sufoco. Robinho no banco, Kaka fora, depois daquela expulsão besta contra a Costa do Marfim, Portugal foi se defendendo no primeiro tempo e atacando muito no segundo. Não deixou barato, ficou em zero a zero.
A TV da recepção do hospital onde eu estava tinha fantasmas, hoje em dia um defeito fashion depois que inventaram a SKY, mal deu pra ver o que rolava em campo. Mas quase não assistí ao jogo, meus pouco mais de 45 minutos foram passados longe da Globo e dos estádios sul-africanos. Naquela hora, Porto Alegre era uma cidade fantasma. Perimetral, Oscar Pereira, Azenha, Parque da Redenção, João Pessoa. Só o som do motor, nem viva alma perambulando, como um cenário de "The Legend", com Will Smith - minha mochila era meu cachorro, meu capa-preta. Eu dirigia há quilômteros de uma televisão e isso me deixava estranhamente sozinho – ônibus eram raros, lotações sumiram, cenário de guerra – as pessoas estavam em casa, no trabalho, estocando futebol. Nenhum vendedor de bandeiras, nada.
Atravessei aquele portal e, chegando ao meu destino, fui acolhido pelo William, Eduardo, Correia, Ricardo e o João. A TV foi nossa fogueira, onde homens e mulheres se reuniram pra dançar e pedir a Deus, desejo isso, não esqueça daquilo (e Deus, ponha o Kaká em forma).
Ainda que a fogueira da antiguidade tenha sido substituída pela tela da Globo, é envolta da Sky HD que o calor humano impera. Ser humano é Ser humano e isso não muda.

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