Pois, inspirado pelo meu grande amigo Zeca Petersen, eu ví um show do mestre Johnny Alf, tive esse privilégio - no Bar do Tom, ao lado do Plataforma, Rio de Janeiro, numa noite de 1997 - um som inclassificável. Era bossa, jazz, samba, era Johnny Alf. Eu e a Brisa, Ilusão a Toa, Rapaz de Bem... - paralisado estava, paralisado fiquei. Aquele senhor negro, tímido, na época já com quase 70 anos, um rabinho de cavalo elegante e óculos de aros grossos, era o autor absoluto daquelas maravilhas. Estava ali, naquele restaurante modesto, mandando aquelas preciosidades, sorriso humilde, aceitando as palmas. Tanta genialidade não cabia naquele restaurante de umas 40 mesas, não mais que isso.
Dá pra dizer que ele inventou o Cool na música brasileira, letras sérias, sussurradas, bem menos açucaradas do que os dramalhões tipo Orlando Silva (pós-anos 40). Eram harmonias complexas do jazz, mas com um balanço que denunciava a origem brazuca. “Tom Jobim dizia que antes mesmo de lançar a Bossa Nova, tinha respeito por Johnny Alf ” – palavras de Pery Ribeiro, um dos melhores interpretes que a MPB já teve.
Johnny Alf foi um inovador e, aos 80 anos, morando numa clínica de repouso em Santo André/SP, morre após 3 anos lutando contra um câncer – sozinho e quase anônimo. Eu, um brasileiro no meio de muitos, sinto remorso. Não é apenas com Wilson Simonal que o Brasil tem e vai ter pra sempre uma grande dívida. Infelizmente o Sr. Alfredo José da Silva, natural do Rio de Janeiro, engrossou a lista. Johnny, Saúde à sua obra que essa geração MP3 não conheceu. (Veja a discografia de Johnny Alf)
fonte: Folha Online , Sombras.com website e Jornal Cruzeiro do Sul, Piracicaba - 04/03/2010
fonte: Folha Online , Sombras.com website e Jornal Cruzeiro do Sul, Piracicaba - 04/03/2010
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