domingo, 22 de julho de 2012

Truvada e o HIV - aprovação pelo FDA e polêmica


Truvada - aprovado pelo FDA
para a prevenção do HIV

Quando gente famosa começou a morrer de AIDS lá pelo final dos anos 70, a doença ficou mundialmente conhecida e o medo foi lentamente mudando comportamentos. Eram tempos onde ter o vírus significava uma expectativa de vida de, no máximo, uns 5 meses – isso até surgirem os antirretrovirais. Daí pra frente tem sido uma batalha pela busca da cura e cujos resultados tem representado um avanço sem precedentes na história da medicina. A mais recente notícia foi a aprovação pelo FDA do Truvada (produzido pela Gilead Sciences e disponível nos EUA desde 2004) no tratamento preventivo do HIV nos Estados Unidos. Após 3 anos de estudos, ficou comprovada a capacidade do medicamento, já usado em soropositivos nos EUA, de reduzir em 73% o risco de contaminação por pessoas que não tenham o vírus. Um bom exemplo: casais em união estável onde um dos dois não seja soropositivo. A decisão tem dividido a opinião dos especialistas que temem por atitudes mais desregradas e descuidadas e ao uso indiscriminado do Truvada.

O medicamento não está disponível no Brasil, apenas por importação e a posição do Ministério daSaúde no reforça a cautela: Em seus site, o Ministério não o indica e marcou posição firme – segundo a nota, embora os estudos em ambiente científico tenham se mostrado eficazes, nada garante esses mesmos resultados “na vida real”, como estratégia de saúde pública aplicável. E, muito embora os resultados se mostrem eficazes no tratamento do HIV, pouco se sabe sobre profilaxia, principalmente no que diz respeito à efeitos adversos, adesão do paciente e resistência do vírus. Reforça a prioridade do Programa DST/AIDS à pratica de sexo seguro e ao uso de preservativos.     

Até o momento, o que existia pra conter o vírus era tomado após a pessoa já tê-lo contraído. O Truvada age impedindo a entrada do vírus nas células CD4, que perfazem a primeira linha de defesa do organismo. Ocorre que existem pelo menos 500 subtipos do vírus e cerca de 10% destas variantes se mostram resistentes ao remédio. Não fosse esse “detalhe”, a eficácia seria de 100% e não pouco mais de 70%.  O número de pessoas infectadas anualmente no mundo é de cerca de 2,5 milhões e no Brasil, mais de 30 mil (índice próximo aos casos de câncer de pulmão e cólon/reto registrados no país). Se por um lado, o avanço nos tratamentos nessa área é enorme, por outro lado, números mostram o tamanho da lição de casa quando o tema é prevenção. E não será o Truvada que, mesmo sendo um forte recurso na prevenção da disseminação do vírus, vai fazer qualquer tão esperado milagre.

fontes: INCA, Revista Veja, Gilead website, Agência de Notícias da AIDS, Site do Ministério da Saúde. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário