Por Luiz de Souza
Bill Gates fala na Conferência TED de 2010 |
Desde que o mundo é mundo tem gente querendo mudá-lo. Mas pouca gente efetivamente o consegue. Trata-se hoje, mais do que nunca, de uma causa bastante popular entre empresas e pessoas bem sucedidas. Só que no passado não era algo intencional. Churchill, em 10 de maio de 1940 usou 5 minutos e 11 segundos para convencer os ingleses a resistir aos nazistas “...sangue, suor e lagrimas..”. E este discurso mudou o mundo. Roosevelt só precisou de 6 segundos em 1933 para, na pós-depressão, começar o melhor governo da história dos EUA com a frase “não há nada a temer além do próprio medo”. Martin Luther King, em 1963 usou 17 minutos para virar o jogo mundial contra o racismo, com o célebre discurso “I have a dream”. E com estes e outros brevíssimos speeches ficou provado que conceitualmente, em menos de 18 minutos é possível mudar o mundo. Hoje, as tentativas de mudar o mundo se tratam de um verdadeiro determinismo coletivo. Ao ponto de envolver marcas famosas como Rolex, Tiffany, Gucci, Audi, Coca-Cola, Shell e IBM, no patrocínio de eventos dirigidos especificamente à causa. E a menina dos olhos dos mudadores de mundo no século XXI atende pelo nome de TED, verdadeiro fenômeno da comunicação nos dias de hoje. Evento anual que nasceu com o nome objetivo, simples e direto de Tecnologia, Entretenimento e Design, é realizado em San Francisco mas extravasou para outros auditórios mundo a fora e, o que melhor para todos os mortais, está na rede. São mais de 1.200 palestras, proferidas em no máximo 18 minutos sem cortes pelos autores das mudanças do mundo que contam suas estórias pessoais e suas idéias originais que fizeram a diferença, traduzidas por voluntários para o português-brasileiro. Entre os palestrantes estão Bill Gates, James Cameron (do Avatar e Titanic), Graic Venter (DNA humano), Bill Clinton, Al Gore, Hans Rosling (médico sueco), Larry Page, Tim Barners-Lee (pai da WWW) e centenas de outros. E o TED é sucesso com mais de 700 milhões de acessos diretos a seus vídeos de 18 minutos, que podem ser baixados, usados e publicados por outros sites gratuitamente. Atribua-se também este sucesso à credibilidade das apresentações. É como se, ao em vez de ler um livro sobre o descobrimento do Brasil a gente pudesse assistir uma palestra de Pedro Álvares Cabral. Outro fator desta verdadeira explosão de aceitação dos seminários (ingressos sempre esgotados nas dezenas edições ao vivo pelo mundo) também na rede, é a proposta inovadora num momento em que a informação, embora produzida e disponibilizada em larga escala, é dispersa, replementar e muitas vezes contraditória. O formato do TED possibilita que os interessados possam digerir facilmente os conhecimentos disponibilizados nas palestras, consumindo as idéias nos mesmos 18 minutos que se leva para comer um Big Mac com Coca Cola. Ou seja, é um fast-food do conhecimento prático de como mudar o mundo.
E fiquemos tranqüilos, pois não é nada enjoativo. As regras impostas aos palestrantes convidados incluem a proibição de fazer auto-elogios, de falar sobre o óbvio, fazer propaganda política, religiosa e de seus produtos. Por isto, no TED a basic proposition é só se ouvir o inédito. O proprietário desta belezinha de difundir idéias e gerar discussões around-the-world é Chris Anderson, um paquistanês de 55 anos – homônimo do editor-chefe da Wired - que em 2001 comprou o negócio deficitário em estado pré-falimentar do arquiteto Richard Wurman. Na época tratava-se de um evento anão, mas muito prestigiado n’um circulo quase fechado do design e tecnologia. Chris implementou o formato vigente e tornou-se em si mesmo um case a ser apresentado. Não sei se já o fez. Vale à pena marcar este encontro, na hora que você tiver tempo na sua agenda, para conviver 18 minutos com estas cabeças coroadas do turn-around global do fim do século XX e início do XXI. É um menu irresistível de prêmios Nobel, Oscar, Pulitzer, Pritzker, etc. Veja abaixo a conferência de Bill Clinton em 2007, sobre a ajuda humanitária à Ruanda. E bom proveito.
Nenhum comentário:
Postar um comentário