segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Senhor dos Anéis e o mundo corporativo - Episódio 1

Grima Língua de cobra
Por Fábio Médici, São Paulo/BR


A esposa e os filhos foram para um lado. Acabei ficando em casa. Sexta-feira à noite... Uma taça de vinho e Senhor dos Anéis, As duas torres no Blu-Ray. A obra-prima de Peter Jackson ganhou prêmios e encantou milhões de pessoas mundo à fora. A mistura de elementos fantásticos com batalhas, cavaleiros, dragões, magos e criaturas criam um mundo próprio de encanto e magia que vai muito além da Terra Média... São muitos os elementos expostos no filme que bem podem ser aplicados no mundo corporativo. Desde o primeiro filme, em que uma equipe absolutamente heterogênea se forma com um objetivo em comum. Mas essa é outra história.

Nesse momento, ficaremos com Grima língua de cobra. No filme (e também na obra-prima escrita por Tolkien), um rei passa a perder sua vontade própria, tomando decisões erradas e, por vezes, não tendo mais vontade de liderar, tomar decisões e levar seu povo à luta contra os Orcs de Saruman. Tudo porque está sob a influência maligna de Grima... Grima é um serviçal do Lorde do Mal, Saruman... Alguém que fica nas sombras, esperando o momento de falar aquilo que lhe convém para que o Rei Theoden faça exatamente o que ele quer. Pelo caminho, Theoden expulsa seu fiel sobrinho, não reconhece a sobrinha e perde seu filho sem ter qualquer atitude. E quando o mago Gandalf chega a seu palácio junto com o Elfo Legolas e o anão Gimli, ao invés da habitual cordialidade, o Rei menospreza quem sempre foi seu aliado. A consequência é inevitável: o reino de Rohan cairá ante as forças malignas que se aproxima.
Grima e o Rei Theoden
Mesmo quem nunca viu o filme ou leu o livro pode perceber claramente que um líder de um reino próspero e pacifico, cheio de aliados, de repente se vê à mercê de forças malignas contra as quais não consegue ter forças para lutar... Quantos “Grima Língua de Cobra” existem em sua empresa? Quantos líderes ficam cegos pelos conselhos de alguém que vislumbra apenas seus próprios objetivos e passa a fazer tudo o que puder não pela empresa, mas em seu próprio benefício?

Eles não aparecem sempre nos momentos de crise. É comum aparecerem essas autênticas “Nuvens Negras” mesmo quando tudo vai bem, a empresa cresce e segue mais rentável do que nunca. Todo mundo conheceu alguns colegas assim. O problema é que, o que às vezes começa inofensivo (e até engraçado) pode crescer e tornar-se um câncer que contamina cada célula do “corpo corporativo”, drenando a vontade, as ideias, as ações e possíveis defesas daquele organismo. Criam conflitos entre setores e até mesmo inveja entre colegas que sempre se deram bem. A consequência clássica é perda de qualidade, fuga de talentos, menor produtividade e queda nas vendas e rentabilidade. Pontos pra concorrência.


Aviso ao líder: se você não tem um Gandalf para exorcizar a influência maligna, deve ficar atento aos sinais que esses maus conselheiros deixam. Desconfie sempre quando um funcionário dedicar boa parte do tempo dele a apenas criticar tudo o que for debatido ou sugerido na empresa. Estranhe se alguém, todos os dias, começa uma frase com “Ouviu a última?” e sempre esteja aberto a ouvir mais de uma opinião para assuntos cruciais. Sempre teremos alguns “Grimas” espalhados pelas sombras. É essencial que saibamos minimizar os efeitos nocivos e, muitas vezes, quase catastróficos que eles trazem. Precisamos cortar essa influencia o mais rápido possível. Ou... Espere pela aparição de Gandalf com seu cajado pronto a lhe socorrer...




Fábio Médici é Executivo Sênior do mercado farmacêutico, com 18 anos de expertise em gestão de equipes em organizações como Roche, Siemens, Baxter e Medley. Jornalista, possui MBA em Gestão Empresarial.

4 comentários:

  1. Parabéns Fábio! Vou acompanhar todos os seus textos, que venham muitos outros!!!

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  2. Maravilha de texto, Fábio. Bela metáfora. Que venham mais...Abs.

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  3. Muito bem exposto! Parabéns!

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