Por Fábio Médici, São Paulo/BR
A esposa e os filhos foram
para um lado. Acabei ficando em casa. Sexta-feira à noite... Uma taça de vinho
e Senhor dos Anéis, As duas torres no Blu-Ray.
A obra-prima de Peter Jackson ganhou prêmios e encantou milhões de pessoas
mundo à fora. A mistura de elementos fantásticos com batalhas, cavaleiros,
dragões, magos e criaturas criam um mundo próprio de encanto e magia que vai
muito além da Terra Média... São muitos os elementos expostos no filme que bem
podem ser aplicados no mundo corporativo. Desde o primeiro filme, em que uma
equipe absolutamente heterogênea se forma com um objetivo em comum. Mas essa é outra
história.
Nesse momento, ficaremos com
Grima língua de cobra. No filme (e também na obra-prima escrita por Tolkien),
um rei passa a perder sua vontade própria, tomando decisões erradas e, por
vezes, não tendo mais vontade de liderar, tomar decisões e levar seu povo à
luta contra os Orcs de Saruman. Tudo porque está sob a influência maligna de
Grima... Grima é um serviçal do Lorde do Mal, Saruman... Alguém que fica nas
sombras, esperando o momento de falar aquilo que lhe convém para que o Rei
Theoden faça exatamente o que ele quer. Pelo caminho, Theoden expulsa seu fiel
sobrinho, não reconhece a sobrinha e perde seu filho sem ter qualquer atitude.
E quando o mago Gandalf chega a seu palácio junto com o Elfo Legolas e o anão
Gimli, ao invés da habitual cordialidade, o Rei menospreza quem sempre foi seu aliado.
A consequência é inevitável: o reino de Rohan cairá ante as forças malignas que
se aproxima.
Grima e o Rei Theoden |
Mesmo quem nunca viu o filme
ou leu o livro pode perceber claramente que um líder de um reino próspero e
pacifico, cheio de aliados, de repente se vê à mercê de forças malignas contra
as quais não consegue ter forças para lutar... Quantos “Grima Língua de Cobra”
existem em sua empresa? Quantos líderes ficam cegos pelos conselhos de alguém
que vislumbra apenas seus próprios objetivos e passa a fazer tudo o que puder
não pela empresa, mas em seu próprio benefício?
Eles não aparecem sempre nos
momentos de crise. É comum aparecerem essas autênticas “Nuvens Negras” mesmo
quando tudo vai bem, a empresa cresce e segue mais rentável do que nunca. Todo
mundo conheceu alguns colegas assim. O problema é que, o que às vezes começa
inofensivo (e até engraçado) pode crescer e tornar-se um câncer que contamina
cada célula do “corpo corporativo”, drenando a vontade, as ideias, as ações e
possíveis defesas daquele organismo. Criam conflitos entre setores e até mesmo
inveja entre colegas que sempre se deram bem. A consequência clássica é perda
de qualidade, fuga de talentos, menor produtividade e queda nas vendas e
rentabilidade. Pontos pra concorrência.
Aviso ao líder: se você não
tem um Gandalf para exorcizar a influência maligna, deve ficar atento aos
sinais que esses maus conselheiros deixam. Desconfie sempre quando um
funcionário dedicar boa parte do tempo dele a apenas criticar tudo o que for
debatido ou sugerido na empresa. Estranhe se alguém, todos os dias, começa uma
frase com “Ouviu a última?” e sempre
esteja aberto a ouvir mais de uma opinião para assuntos cruciais. Sempre teremos
alguns “Grimas” espalhados pelas sombras. É essencial que
saibamos minimizar os efeitos nocivos e, muitas vezes, quase catastróficos que
eles trazem. Precisamos cortar essa influencia o mais rápido possível. Ou... Espere
pela aparição de Gandalf com seu cajado pronto a lhe socorrer...
Fábio Médici é Executivo Sênior do mercado
farmacêutico, com 18 anos de expertise em gestão de equipes em organizações como Roche,
Siemens, Baxter e Medley. Jornalista, possui MBA em Gestão Empresarial.
Dá-lhe, Fábio! Sucesso.
ResponderExcluirParabéns Fábio! Vou acompanhar todos os seus textos, que venham muitos outros!!!
ResponderExcluirMaravilha de texto, Fábio. Bela metáfora. Que venham mais...Abs.
ResponderExcluirMuito bem exposto! Parabéns!
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