Abril Despedaçado (Walter Salles Brasil – Suíça – França – 2001). Nesse filme terno e comovente, o amarelo-deserto é a cor que, em seu funcionamento como significante-mestre desta linguagem cinematográfica, articula uma fala que remete o espectador para o universal
"O que me chamou a atenção é que já é abril. É hora de romper o silêncio aqui porque descobri recentemente que tem gente que nota quando minhas linhas cansam. Bom saber. Então abril avança e me cutuquei até dormir pensando o que escreveria. Acordei e pensei, abril despedaçado. Sai procurando google adentro pela expressão abril despedaçado e me chamou o trecho que abre este post, de autoria de José Paulo Bandeira da Silveira, cientista político e Professor-Doutor da UFRJ. Não pelo título do Silveira, mas pela referência à cor, despertei. Amarelo – deserto. Choque, transe, sonolência. Amarelo-deserto pode ferir, ao mesmo tempo que nos mantem em dormência. Repare nos finais de tarde deste abril. Amarelo-deserto, rosa-vulcão, vermelho-pálido, azul-bolha. E o céu parece anunciar a chegada de um fato, de um aniversário, de um brilho nos olhos, o ônibus que estaciona na plataforma lá no canto. E partem. Ônibus, o ano velho, a notícia no jornal, fica só o brilho nos olhos, que acalma, fascina, transborda aos sentimentos nem sempre os melhores. Abril, monte suas peças, siga seu rumo, sobreponha março, mas não proíba maio."
fonte: Poesia com Bobagem (Amanda Reis) - matéria na integra
Nenhum comentário:
Postar um comentário