O folhetim
das 21 horas da Rede Globo é chato, arrastado e inconsistente. Estou falando de
uma chamada “Amor à Vida”. Mais uma novela. Sou suspeito a falar, porque não as
acompanho. Falta paciência pra acompanhar tantos capítulos e tem um nível de
desconexão com a realidade que me angustia. Todas as novelas me parecem ter em
comum o ar de chanchada e eu estou mais pra “Tropa de Elite”, acho que é isso. Mas
uma atitude nessa de Walcyr Carrasco me chamou a atenção: uma profusão
descarada de merchandisings de livros e sugestões de autores a serem lidos,
trocados entre os personagens. Vejo em média um capitulo pro semana e 80%
deles, tem livro no roteiro. Num dos capítulos onde o vilão Felix tenta
explicar para a irmã Paloma porque resolveu pedir perdão a ela, ele cita o
livro “Os Miseráveis”, onde em alguma parte o personagem principal busca a
redenção por meio de uma boa ação, A cena onde o livro foi citado durou mais de
3 minutos. Curioso isso em horário nobre. Fui pesquisar pra saber porque. Reza
a lenda que foi iniciativa do próprio Carrasco, segundo ele próprio um leitor
compulsivo (já pensou que legal um autor de novelas que não gostasse de ler?),
como forma de motivar os espectadores pro hábito da leitura. Boa a intenção,
mas forçada demais. Não acredito que uma profusão de livros em horário nobre vá
mudar uma deformação que vem de berço. A leitura se estimula no cidadão criança
e, salvo exceções, pelo exemplo dos pais. A criança que não tem o exemplo da
leitura em casa, se vê obrigada a ler na escola. Quem, em sã consciência,
consegue ser amigo de um livro por obrigação?
Walcyr Carrasco - promove livros em novela pra estimular o gosto pela leitura |
Segundo pesquisa
do instituto Pró-Livro realizada em 2011, seguimos como referencia de que o
Brasil é um dos países do mundo que menos lê. Apenas 28% dos brasileiros
pesquisados tem o livro como primeiro hobby. Esse índice era de 36% EM 2007. Não
é difícil imaginar porque com Laptops, iphones, Xbox, 360 canais em HD,
youtubes, facebooks fora baladas e outras dispersões.
Os países campeões
em consumo de livros por habitante/ano: França (11), Japão (10), Coréia do Sul
(10). O brasileiro lê algo em torno de 3 livros por habitante/ano. Bem
intencionado esse Walcyr. Só não creio que, com esses números, ler vai ser mais
interessante que o capitulo da novela ou o BBB.
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