“Esse
mundo está perdido” – ouço isso desde que me conheço por gente, começando pelos
meus avós. E não estou sozinho, você deve ter ouvido isso de muita gente. Não
raro ouço coisas do tipo “o ser humano ta cada vez pior” ou “ninguém respeita
mais ninguém, impera a lei do eu, depois o eu e depois eu de novo”. E que “brasileiro
só sabe levar vantagem”, essa já desgastou. Algo dito muitas vezes vira fato.
Não
me canso de dizer que ainda tem mais gente disposta a dizer “desculpa”, “com
licença”, “posso passar”, “bom dia”, “precisa de ajuda?” do que ególatras,
egoístas, trapaceiros e até psicopatas de plantão. Mas a descrença é muito forte. Não raro, um ato de bondade é naturalmente confundido com interesse pessoal do tipo "quando a esmola é muita, o santo desconfia". Mas uma campanha da Kibon
mexeu com esse sentimento. Uma ação de marketing sofisticada quis mostrar que
pequenas atitudes (é, não adianta, é a atitude que transforma e pronto) podem
mostrar o melhor das pessoas. A campanha, chamada Corrente da Felicidade, era
bem simples: uma pessoa escolhia um sorvete na geladeira e, ao passar no caixa,
surpreendentemente ficava sabendo que já estava pago por algum desconhecido que
tinha estado no local pouco antes. A pessoa então era estimulada a fazer o
mesmo. A corrente durou um dia e foi toda acompanhada por câmeras escondidas - 97%
das pessoas aceitaram no ato fazer a alegria do desconhecido que viria após.
Nosso
dia a dia é uma roleta russa. O bombardeio de “ameaças” que recebemos o tempo
todo, testando nossa tolerância e nosso instinto de auto-preservação é enorme. Vivemos
armados. Mas nessas horas, nessas pequenas atitudes, a verdade aparece.
Parabéns à Kibon pela sensibilidade. Marketing inteligente e de conteúdo sem deixar de ser marketing. De forma simples, tirou o melhor dos
brasileiros.
P.S. –
a quem interessar possa, deixarei um sorvete pago na sorveteria perto da minha
empresa. Não sei se o seu Zé vai entender, mas não custa tentar. Veja
o vídeo.
fonte: Revista Época Negócios
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