Quer escapismo? Não assista "O Casamento de Rachel"

Queria apenas curtir o filme. Sentei no sofá e aos poucos vem chegando aquela sensação conhecida: “escrever sobre ele, não escrever sobre ele, para com isso, não...espera...” quando vi, já estava envolvido com o Casamento de Rachel (Rachel Getting Married, 2008). Tem um monte de filmes sobre famílias e seus dramas nas locadoras. Mas esse vale cada minuto pela impecável demonstração de talento dos atores, um mais consistente e original que o outro. Anne Hathaway, que só melhora a cada filme, incomoda no papel de Kym, a filha doidona que, após um tempo internada numa clínica, volta pra casa durante o casamento da irmã. E daí se desenrola todo o drama, dando a impressão de que o Diretor Jonathan Demme ligou as câmeras e nos fez observadores da vida real de pessoas vivendo infernos e paraísos comuns. Dá mesmo vontade de estar lá dentro do filme, mesmo nos momentos mais tensos.

O filme é desconcertante do início ao fim, como certos dias ou finais de semana da vida que poderia ser a minha a sua... Pense naquela reunião em família onde quase tudo dá certo...e quase tudo dá errado ao mesmo tempo. Todo mundo tem alguém próximo que parece sempre querer dizer "chega dessa hipocrisia" e acaba dizendo "olhem pra mim, eu sou infeliz, vocês têm sorte por serem tão fúteis, estão rindo de que?". Lembrou de alguém? Pois Anne Hathaway faz isso sem descambar pro piegas. O resultado é a sensação de taquicardia que vai crescendo até no final do filme.

E eu que só queria me divertir, não era para ser desse jeito, mas valeu à pena assim mesmo. Da próxima vez, vou tentar Alvin e os Esquilos pela quinta vez e garantir uma ida pra cama menos tenso...

fonte: adorocinema website, Globo.com website & wikipédia