sábado, 15 de maio de 2010

Dunga - Gestão por Coerência (ou seria Gestão por Competência?)

Futebol não é minha praia, sou um Gremista mais por DNA, poderia ter sido Colorado. Cá entre nós, provavelmente daria na mesma. Mas não escapei da pergunta fatídica: “Você é gaúcho. Então? É a favor ou contra o Dunga? Ele fez certo?” Fiz uma pausa mortal enquanto pensava na resposta ao meu parceiro de Squash Pedro Léo, enquanto afiávamos as raquetes – o mistério é a chave e o charme.
Quando estou diante de um projeto grande, envolvendo uma enorme soma de investimento e horas de planejamento, prazos e metas claras, nunca estou sozinho. E pra levar adiante, vou precisar dos melhores. Mas afinal quem são os melhores? Os melhores são normalmente aqueles que conseguem sustentar alta performance naquilo que já fazem, tendo o Gerente (ou Coacher) como um apoiador.
Num time de alta performance, o “macaquinho” é de todos e não de um só – a responsabilidade é do líder, mas as decisões compartilhadas e de autoria do próprio grupo são as que mais dão certo. Pra isso, tem que haver confiança irrestrita (primeiro ponto). Num projeto grande, maior ainda é a exposição dos envolvidos (pro bem ou pro mal) e por isso, vale a conduta mais do que as palavras – têm que ter disciplina, pois atitude disciplinada gera credibilidade (segundo ponto). Pra garantir que todos dêem tudo de si, mas sempre respeitando o talento do outro, valem a tolerância e a humildade (terceiro ponto). E pra ter certeza de que nas decisões difíceis, o nervosismo vai dar lugar ao conhecimento aplicado, vale a experiência (quinto ponto). Dunga foi fundo nisso – buscou gente cuja imprensa não tem uma vírgula para dizer sobre a conduta pessoal, caras de sua confiança irrestrita e de larga experiência em jogos tensos mundo afora. Não foi populista, pois sabe o que a torcida quer na hora da verdade. Um Paulo Henrique Ganso bate no peito empombado e diz “eu estou pronto pra Copa” sem nunca ter enfrentado um Boca Juniors em noite de La Bombonera lotada de fanáticos querendo sangue Brasileiro. É a Maturidade, moço (ou a falta dela), diria um tiozinho sentado na porta de uma padaria, ouvindo o Professor Ostermann no radinho. Numa hora destas, o Ganso não pode virar Pinto e olhar assustado pro Técnico – não pode amarelar.
A vitória da Seleção, vai premiar um Dunga que sai de cena como o Gerente focado em resultados, que soube mexer suas pedras. A derrota o tira de cena de qualquer jeito. Mas se isso acontecer, terá errado convicto de que fez a coisa certa. Assim é no mundo corporativo, assim é no futebol, pelo qual só me interesso se for pela irracionalidade da própria paixão. Saúde ao Dunga.
fontes: revista Veja - 19/05/2010 e wikipédia

Um comentário:

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    Acredito que o argumento mais importante você pôs na ordem primeira, mas não o fez em azul: "E pra levar adiante, vou precisar dos melhores."; o Brasil está careca de saber que em sua seleção não estão os melhores, penso que isto até o Dunga sabe, mas o gaúcho aposta todas as fichas na vontade, comprometimento...mas tem uma hora q isso não basta. Alcançar da disciplina é duro, mas com o tempo as pessoas adquirem, qualquer um pod ter; e o que sobre de grande diferencial e maior valor mesmo é o talento, este sim é único, inígualável.

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