- Daniel, pela 15º vez, cesta de tampa laranja é para os recicláveis e lixo de tampa branca para os orgânicos. Se ainda sim tu tiveres dúvida, abre o lixo e vê o que tem lá dentro, se é um orgânico ou um reciclável.
Essa é minha esposa me lembrando pela 15º vez (não é exagero dela não, é tem muita paciência) onde e como separar nosso lixo da cozinha. Verdade seja dita: quando atitude tem a ver com abrir mão do nosso conforto e adquirir uma nova disciplina, a coisa pega. Quem por acaso aceitaria sair de casa com uma sacola de papel reciclado pra carregar as compras do supermercado, sabendo que lá não teria disponíveis os famosos sacos plásticos ou que, na pior das hipóteses, teria que pagar por um? O que você faria? Provavelmente trocaria de supermercado (provavelmente eu faria isso também, normal). E se fosse assim em tudo quanto é supermercado? Pois em vários supermercados europeus é assim. Em compensação no Brasil o consumo de sacolas plásticas em 2009 foi de 15 milhões de unidades – e elas levam mais de 100 anos pra se degradarem.
Mesmo sabendo que o consumidor brasileiro é um contumaz reaproveitador de sacolas (75% acondiciona lixo doméstico e 69% carregam outras coisas, acondicionam sapatos, etc), ainda é uma situação desconfortável. Não quero aqui fazer apologia alguma de que não estamos dispostos, que não existe vontade e que a grama do vizinho é mais verde, etc. Tudo que é bom tem sempre o avesso do avesso. É simplesmente o ônus de uma brutal mudança cultural, através da qual nós só aprendemos de duas formas: no amor ou na dor.
Estou eu de novo diante das ditas cestas: tampa branca, tampa laranja, olho pra uma, olho pra outra. “- Na dúvida, abre e vê o que tem dentro”. Lembro do que ela disse, mas e se, pro meu senso aquariano, o que tiver lá dentro for um orgânico com cara de reciclável?
fonte: Revista Vida Simples - abril 2010
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