A
umidade, a colheita, a pétala, o andar sobre trilhos mortos. Chuva dissimula
uma friagem que perambula por ali. Olhando ao redor, nada pra lembrar, nenhum
som conhecido. Todos mortos, sons tortos. Mas não desisti de toda essa beldade
escondida. Lamento se meu caminho é tomar de assalto teu desejo. Não cuido bem
de mim nesses momentos. Não sei mais lidar com isso, parei faz tempo.
(Daniel Souza, para Vitor Ramil)
(Daniel Souza, para Vitor Ramil)
Ouvir Vitor Ramil é isso, uma
sede de palavras. Vontade grande de brincá-las. Comprei hoje o belo CD Foi no mês que vem e em nada me
arrependo. É delicado e sublime em cada faixa, ainda que para ouvir precise
desacelerar. Não é justo descompassar. Pare de pensar em outras coisas, em
problemas, senão não vai rolar. Vitor precisa de pausa. É um CD duplo e com 32
canções muitíssimo bem arranjadas, coisa rara nestes dias de download. Tem
músicas novas e arranjos novos para sucessos do passado, como a impecável
Loucos de Cara. Vez por outra, um tom meio Caetano desponta nas canções. Vozes "peso pesado” também participam, como Fito Paes, Ney
Matogrosso, Bella Stone, Milton Nascimento e Jorge Drexler. No pano de fundo dos arranjos, Marcos
Suzano (percussão), André Gomes (baixo), Santiago Castellani (tuba), Franco Luciani (harmônica) e a
Orquestra de Câmara do Teatro São Pedro (Porto Alegre, RS) e outros, fizeram do CD um
desfile de notáveis da nossa música.
Vitor Ramil - milongas e lindas canções |
O CD é, ainda por cima, fruto
de financiamento coletivo (crowdfunding). Contando com a generosidade dos fãs,
pra bancar o projeto Victor precisava de 60 mil reais – conseguiu 84 mil. Deve
estar rindo de orelha a orelha e merece. Um dos compositores mais criativos da
música atual, mas que ninguém toca em rádio, não é qualquer cara que consegue
esse feito. Quando a música é boa, fã respeita - não precisa tocar em rádio.
Vitor Ramil, pra quem não o
conhece ainda, é irmão de Kleiton e Kledir. O estilo musical difere dos irmãos,
mais focado em milongas e tangos sofisticados. No sul do país, dispensa
apresentações. Pra nós, gaúchos, um orgulho. Já foi cantado por Mercedes Sosa, Milton Nascimento, Gal e Caetano. Com um Curriculum destes, quem dera que o Brasil desejasse mais conhecer artistas como
Vitor Ramil. Se dê esse privilégio.
Parabéns Victor, obrigado por
mais esse presente. Vale cada centavo.
Veja vídeos.
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