Um evangelista era bastante intelectualizado pros padrões daquela época. Era pintor historiador, músico e também médico. Era Lucas, nascido em Antióquia (hoje, Turquia). Reza a lenda que era muito próximo aos apóstolos de Jesus Cristo. Com sua sensibilidade e muita dedicação, aliviava a dor e curava. O Dia 18 de outubro é o Dia de São Lucas e, por isso, é também do Dia do Médico. E não só no Brasil, mas em diversos países de cultura predominantemente Cristã – Portugal, França, Inglaterra, EUA e outros. Não sabia de nada disso. Então foi Lucas....
Especialmente no Brasil, o Dia do Médico está tenso e já faz tempo. Impasses entre médicos e Planos de Saúde, reforçam um paradoxo: A lucratividade dos planos e a busca pela diminuição dos custos versus a busca por valores mais descentes para consultas e procedimentos necessários. No meio disso, resta o paciente, que paga o plano e espera meses por um atendimento “vapt-vupt”. O Sistema Único de Saúde segue sem leitos nem equipamentos suficientes para quem não pode pagar por um Plano. Nas emergências, as pessoas se empilham, nas mãos de funcionários que se desdobram - se por um lado sobra boa vontade, falta capacitação. De novo, no meio disso, está o paciente.
O médico evangelista |
São poucos os médicos que conheço que conseguem combinar harmonicamente uma rotina de trabalho produtiva, uma relação médico-paciente saudável, períodos necessários de estudo e atualização e uma fonte de renda que lhes permita um padrão de vida justo para custear isso tudo. Tem que se desdobrar em plantões sucessivos, ambulatórios, emergências, UTIs. Mas alguém tem que fazer o serviço (que não é sujo, muito pelo contrário). O médico brasileiro virou um operário da medicina e não é de hoje – pra bem da verdade, nem todos tem vocação pra gestão do seu próprio meio de vida e, dessa forma, se deixaram levar. É bem verdade também que faltou mobilização. Assim como advogados e professores, mobilizar é preciso e parece que acordaram. Mas de novo no meio disso está o paciente. Aliás, o paciente é um bicho à parte. Não me considero um paciente chato. Sou sim um ausente, a eterna frustração do médico dedicado. Vou, faço a consulta, ouço a tento às orientações. Aceito fazer exames sem reclamar. Pego as guias do convênio, viro as costas e demoro uns...meses pra voltar. Se voltar. Mas ao menos não sou aquela “mala” que usa o Google pra colocar o médico contra a parede, repete o que ouve naquelas correntes por e-mail, as crendices e vigarices normais. E quer que o médico tenha paciência e atenda sorrindo.
E ainda vivemos numa sociedade que cultua o voto de pobreza do médico. Os que ganham dinheiro por serem legitimamente competentes (no ofício e na gestão) são vistos com desconfiança, muitas vezes, até pelos próprios colegas. Pra frente, pra trás, por qualquer perspectiva que se olhe, a necessidade de uma solução equilibrada para todo esse impasse está longe de acontecer. Aos meus amigos médicos, serenidade, persistência e senso pra lidar com o futuro.
fontes: Brasil Escola website, Folha de Pernanbuco, Saúde Web
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