segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Vida, Louca Vida - Vida breve...

Julia e Adriana Guedes - o que mais dizer?

Por mais que não se queira perder, pessoas queridas morrerem aos 80, 90 anos, é algo sagradamente fisiológico - é da natureza envelhecedora. Mas quando pessoas jovens rapidamente deixam de estar entre nós, deixam filhos pequenos, perspectivas, sorrisos, isso ainda me foge da racionalidade. O esforço para entender “um desligar de uma tomada” cheia de energia é mais que dobrado, mas a que se manter o esforço. Soube hoje pelo amigo Anuar do falecimento da jornalista gaúcha Adriana Guedes, 40 anos. Estava com a família e com a filha Julia, de 2 meses, numa pequena praia do Rio Grande do Sul. Se sentiu mal, foi socorrida mas não resistiu – segundo o comunicado, foram complicações cardíacas. Complicações cardíacas - que coisa...
Eu e Adriana estudamos juntos na PUCRS. Há muitos anos não nos víamos, mas nossa turma de faculdade vinha ensaiando um outro reencontro (tivemos o primeiro super-encontro, mas ela não esteve nesse). Trocamos alguns mails divertidos. Quando a Julia nasceu, ela mandou a foto acima. Turma de colégio é algo inexplicável. Existe um tipo de mesmerismo coletivo e, por mais que os anos passem, os vemos sempre da mesma forma, uma cumplicidade quase infantil. A vida não tem mesmo uma trama pronta. Essa coisa de começo, meio é fim, herdada da literatura, nos empurra a não ousar ver a vida de outra maneira. Queremos sempre que as coisas tenham começo, meio e fim, senão o sentimento de perda é grande, é derrota.
Nosso amigo (e filósofo pop) Celso Santanna é perfeito ao afirmar que nos afastamos das pessoas porque na verdade sempre achamos que o fio da união é inabalável. É verdade, só não prevíamos isso. Adriana, fique em paz. Julia, força e muita garra, nessa estrada a qual nunca sabemos como vai terminar, pois na verdade nunca soubemos como começou e porque. 
(Queria muito abraçar meus ex-colegas de faculdade nesse momento, como não posso, me veio este post. Abraço a todos).     

2 comentários:

  1. demais, daniel. demais! suas palavras aliviaram muito esse sentimento porrada que senti com essa ausência súbita.
    abração
    George

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  2. Caro amigo Daniel,
    Teu texto é cheio de sensibilidade.
    É difícil aceitar a partida de uma pessoa aos 40 anos, dois meses após ter vivenciado um momento tão sublime da existência.
    A morte é uma renovação inerente à natureza humana.
    E que Deus permaneça bem pertinho desta menininha tão delicada, e com uma missão tão grandiosa pela frente!
    Abraços
    Anuar

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