sexta-feira, 16 de julho de 2010

Na arte como na vida real - conversa com Jorge Fernando

O Ator e Diretor de TV Jorge Fernando participava de um evento em uma empresa onde trabalhei há uns anos atrás. Falava sobre a rotina nos bastidores da TV Globo, mostrando que, fora a fantasia e a ilusão das pessoas, a Globo era uma empresa normal como outras e que fazer novela era tão complexo quanto gerenciar qualquer outro grande projeto. Se você estoura um budget, te cobram. Se um patrocinador não gosta de uma cena, tem que refazer tudo e rápido pra não perder o timming. E a escalação do elenco é como escolher os melhores para um projeto arrojado. Se uma novela que custou milhões não emplaca nos primeiros capítulos, rola a cabeça do diretor e de mais algumas pessoas ou, no mínimo, a vida desse mesmo diretor fica bem mais difícil em futuros projetos. Deu o exemplo do aperto que passou com o fracasso da novela "As Filhas da Mãe" (2002), segundo ele, "um trabalho cuja proposta o telespectador não entendeu". Seu pescoço foi salvo pelo trabalho seguinte, "Chocolate com Pimenta" (2004), esse sim um sucesso de público e de crítica. Enfim, nada diferente do mundo corporativo. O resto é história.

No café, fui me chegando. Até que ficamos próximos o suficiente, fui perguntar: “- Jorge, entre os atores, quem é a verdadeira estrela e quem é a que quer ser a estrela?” Jorge Fernando é daquelas pessoas cujos os olhos claros indefectíveis mesmerizam - olhou através de mim, mexeu o café por uns 3 segundos e tascou: “- Gente como o Tony Ramos, a Nicete Bruno, o Paulo José por exemplo, a gente reverencia e eles ainda ficam envergonhados. Na hora de filmar, se um ator novato treme na base, ajudam, dão apoio, tranquilizam. Não é lindo? São sábios, gênios humildes. Diferente de gente que consegue uma ponta numa minissérie adolescente e já quer BMW, chega e maltrata os maquiadores, tem chilique no set.”

Nunca esqueci dessa conversa. Nada diferente dos corredores da vida corporativa. Gente pequena querendo ser grande e pessoas imensas que se notabilizam com pequenos gestos. Saúde e vida longa ao Jorge Fernando.

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