Esses dias recebi um mail perguntando se eu tinha alguma forte lembrança sobre “Dia dos Pais”. Parei, pensei...tenho sim. Lembro de uma noite muito fria de inverno, a cidade era Gramado/RS, o ano era por volta de 1988. Não sabia dirigir. Um amigo e a namorada, bêbados, forçaram a barra pra que eu pegasse o carro. “Não sei dirigir”, disse. “Eu te ensino. Vai, pega logo”, veio a resposta. O resultado: Um lindo fusca 86 jogado dentro do jardim de uma casa, depois de uma porrada com outro carro (que conseguiu fugir do local) num cruzamento qualquer de Gramado. Todos bem, sem polícia no meio (cidade pequena era assim, creio que ainda é), o susto passou, mas aquele final de semana estava acabado. “Porra, meu pai vai me matar”, ouvi do meu “amigo” que com o susto, curou o porre. “Fica frio que vou pagar o prejuízo”, falei. O dublê de amigo, apesar de também ter culpa no cartório, aceitou de pronto.
Na volta pra Porto Alegre, não se ouvia uma mosca além do barulho do vento a bordo daquele fusca torto e com a porta amarrada por arame. Era aquele gosto amargo, a horrível sensação de derrota. Pensava: “Ok, vou pagar essa merda com a grana que guardei, mas...o que vou dizer pro meu pai?” Cheguei em casa, momento de dar a notícia, que foi dada sem rodeios, firme, de forma respeitosa. Meu pai ouviu atento, pensou e cortou o silêncio: “Filho, tu tens grana suficiente pra pagar isso?”. Fiz que “sim” com a cabeça. “Então filhão, agora tu entendes melhor do que ninguém o preço e o risco de pegar carro emprestado sejam quais sejam as circunstâncias, né?” Fiz outro “sim” com a cabeça, morto de vergonha. “Beleza, então levanta essa cabeça e vai em frente que acidentes acontecem e que bom que vocês estão bem, se precisar de alguma ajuda me fala.” Dito isso, foi cuidar dos discos dele, tranquilo e sereno. E eu, passei 4 meses pagando o conserto. E também fui fazer 40 aulas de auto-escola, porque o susto foi realmente grande (também nunca mais vi o tal “amigo”).
Bom, e sobre o que o Dia dos Pais me lembra? Valores. A história acima foi sobre como aprendi mais uma lição sobre valores. Eles são a base de um caráter e de uma atitude, algo que só um pai pode dar. Se tudo começasse pelos valores, a conversa sobre integridade, honestidade, cidadania e tudo o mais acabaria por aí. É o que salva uma sociedade inteira. Obrigado Pai.
Dani,
ResponderExcluirCorrija: Dia dos PaIs no primeiro parágrafo, o segundo tU que teu pai te disse e conSerto, neste caso com "S".
Uma dúvida minha: "torno" é uma expressão sulista ou vc queria dizer algo diferente em "...daquele fusca torno...".
1 abç, Alex.