Nos meus tempos de executivo de multinacional, nunca parei pra pensar em como seria o emprego no futuro, de forma estruturada. Um executivo tem a estrutura mental focada no mês seguinte, ação e reação. Mas o emprego do futuro existe e vem sendo construído por mudanças e atitudes estruturais das próprias empresa.
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De Masi "Se trabalho fosse positivo, no Paraiso se trabalharia." |
Viver o ambiente corporativo não vai ser mais a prioridade. As pessoas vão focar menos as empresas, deixar o emprego e passar a prestar serviços, por empreitada. Ainda que não seja o mais comum, isso já é fato. O emprego do futuro também depende de se ter redes sociais consistentes e duradouras pra servirem de suporte – como na vida real, bons profissionais caem “na boca da rede” rapidinho. Como as web companies vão comprando umas às outras, somente as redes com finalidade clara ficarão. E uma rede que se preze está no ar 24 horas por dia - as interações não terão mais horário específico em função dos fusos – com isso, vai indo pro ralo o conceito de carga horária e horário fixo. Vai ser cada vez mais raro uma empresa onde os ex-funcionários (e agora freelancers) entram as 8hs e saem as 17hs – os poucos que frequentarem a empresa, claro. E já que o sujeito vai ser mesmo o dono do nariz (e das contas) dele, o trabalho tem que ser envolvente, apaixonante e jamais atrapalhar as horas de lazer e prazer – esse fator vai ser determinante na escolha dos projetos. Lynda Gratton, professora da London Business School e autora de livros e estudos sobre o futuro do emprego no mundo, afirma que é da pessoa a responsabilidade por criar valor para seu próprio trabalho – esse diferencial vai definir os melhores profissionais para os melhores projetos. Taí a chave para as transformações que virão.
No final das contas, parece que "o basquete" nunca foi instríseco ao ser humano. Domênico Demasi, no livro "O Ócio Criativo", observa que "Tenha o Paraíso sido criado por Deus, tenha sido inventado pelos homens, se o trabalho fosse um valor positivo, no Paraíso se trabalharia". Parece que esse é um ponto comum entre as religiões. Se "emprego" é uma palavra em extinção, o que vier vai depender da nossa capacidade de adaptação. Que venha então.
fonte: Revista Você S/A
fonte: Revista Você S/A