terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Lei da Palmada? É de doer

Não apoio a Lei da Palmada. Jamais concordei que criança não tenha que levar uns petelecos vez por outra como parte do aprendizado. Vou repetir: petelecos. Segundo o dicionário, peteleco é um jogo, tipo futebol de dedo (nada ver com medida corrretiva). Pressione o dedo indicador contra o dedão da mesma mão e passe a fazer “alavanca” contrária com indicador enquanto o dedão segura, até a pressão ser insustentável e você ser obrigado a soltar o indicador pra frente. Isso é um peteleco – o que tiver na frente será empurrado pelo dedo indicador, em arco.
Na prática disciplinar, diferente do jogo, peteleco é uma figura de linguagem e pode ser um puxão de orelha ou uma palmada na bunda.  Pai normal, na hora do corretivo, fica escolhendo a parte mais carnuda da bunda pra dar aquela “palmada” que mal encosta. E depois, fica se condoendo de remorso. Não tem nada a ver com espancar a criança com raiva e prazer. Nada a ver com a atitude obsessivo-compulsiva de pais que descarregam suas vidas mal resolvidas em atos de tortura contra os próprios filhos. O que pensar de gente assim? Essa semana recebi de um amigo um vídeo relatando o drama pessoal que ele está tendo que superar. Agressão gratuita de uma mãe aos seus filhos pré-adolescentes. A forma como aconteceu e a maneira como a lei trata o assunto são inaceitáveis. Se nem o braço da lei consegue tratar o assunto de forma produtiva e coerente, falar de Lei da Palmada é alegoria. Aliás, a tal lei não especifica o que é uma palmada que possa gerar sofrimento e ser, portanto, enquadrada - isso quem define, pra variar, é a justiça. Belo exemplo da forma torta de como uma lei nasce no Brasil e ajuda a entupir o judiciário de pastas com processos demorados. A OAB já disse: Lei da Palmada sem orientação, é lei inócua. Concordo 100%.
Quando criança, apanhei algumas vezes do meu pai e não me lembro de nenhuma a qual não tenha realmente merecido. Se não fosse isso, talvez não tivesse aprendido lições sobre respeitar o próximo, ouvir os mais velhos, saber o limite das coisas, que estar no jogo muitas vezes vale mais do que vencer, essas coisas que nem todo mundo valoriza. Mas também lembro de pegar meu pai chorando pelos cantos por ter me batido em alguma dessas vezes e isso marca muito mais...
Veja abaixo video mencionado. Espero (e desejo) ao meu amigo Ednei Fernandes - que sua família supere com sabedoria, equilibrio e dignidade os momentos de sofrimento (Ednei, um abraço).

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