segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

O Emprego do Futuro

Nos meus tempos de executivo de multinacional, nunca parei pra pensar em como seria o emprego no futuro, de forma estruturada. Um executivo tem a estrutura mental focada no mês seguinte, ação e reação. Mas o emprego do futuro existe e vem sendo construído por mudanças e atitudes estruturais das próprias empresa.

De Masi
"Se trabalho fosse positivo,
no Paraiso se trabalharia."
Viver o ambiente corporativo não vai ser mais a prioridade. As pessoas vão focar menos as empresas, deixar o emprego e passar a prestar serviços, por empreitada. Ainda que não seja o mais comum, isso já é fato. O emprego do futuro também depende de se ter redes sociais consistentes e duradouras pra servirem de suporte – como na vida real, bons profissionais caem “na boca da rede” rapidinho. Como as web companies vão comprando umas às outras, somente as redes com finalidade clara ficarão. E uma rede que se preze está no ar 24 horas por dia - as interações não terão mais horário específico em função dos fusos – com isso, vai indo pro ralo o conceito de carga horária e horário fixo. Vai ser cada vez mais raro uma empresa onde os ex-funcionários (e agora freelancers) entram as 8hs e saem as 17hs – os poucos que frequentarem a empresa, claro. E já que o sujeito vai ser mesmo o dono do nariz (e das contas) dele, o trabalho tem que ser envolvente, apaixonante e jamais atrapalhar as horas de lazer e prazer – esse fator vai ser determinante na escolha dos projetos. Lynda Gratton, professora da London Business School e autora de livros e estudos sobre o futuro do emprego no mundo, afirma que é da pessoa a responsabilidade por criar valor para seu próprio trabalho – esse diferencial vai definir os melhores profissionais para os melhores projetos. Taí a chave para as transformações que virão.
Como tudo tem o lado negro da força, esse “novo emprego” vai exigir que as pessoas definitivamente assumam o controle – não vai ter mais nenhum ombro por perto pra por a culpa se o faturamento do mês não vier e as contas são o patrão mais severo, sempre. Rodolfo Araújo, colunista de VOCÊ S/A, comenta uma pesquisa onde dois grupos distintos tinham que dar valor ás ações de duas empresas distintas mediante análise do relatório de desempenho de cada uma – cada grupo recebeu o relatório de apenas uma empresa. Pois a empresa que atribuía o próprio fracasso à ações equivocadas e estratégias mal formuladas foi a mais valorada. À empresa que botou a culpa em fatores externos e alheios à própria vontade (economia, concorrência, se estava chovendo, fazendo sol...), recebeu valor menor por ação. Não vejo como possa ser diferente com pessoas – gente que assume erros e trata de resolvê-los, vale sempre mais. Antes que eu esqueça, uma boa notícia - OS CHEFES DE HOJE VÃO SUMIR DO MAPA. A hierarquia terá que ser bem mais flexível e colaborativa, ou não vai conseguir acompanhar a dinâmica do trabalho globalizado. Resta resolver o eterno dilema – você sabe o que vai fazer aos 50 anos? E aos 60? A expectativa média de vida é de 73 anos e subindo. Então quem não nasceu em berço dourado, precisa pensar nisso urgente.

No final das contas, parece que "o basquete" nunca foi instríseco ao ser humano. Domênico Demasi, no livro "O Ócio Criativo", observa que "Tenha o Paraíso sido criado por Deus, tenha sido inventado pelos homens, se o trabalho fosse um valor positivo, no Paraíso se trabalharia". Parece que esse é um ponto comum entre as religiões. Se "emprego" é uma palavra em extinção, o que vier vai depender da nossa capacidade de adaptação. Que venha então.
fonte: Revista Você S/A 

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