terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Ninguém precisa de um BBB

Não me sofri de falar da notícia do momento, chover um pouco no molhado. O caso de um camarada que transa com uma garota sem o consentimento dela, depois de um porre homérico - coisa séria, caso de polícia. E, em horário nobre, é o que exatamente? Não me interessa o tal do BBB, nunca me interessou. Esses dias li que esse programa já tem mais de dez anos de Brasil, impressionante. À exceção do “patrão” Silvio Santos, programas longevos não são muito a cara das televisões brasileiras. Não lembro de outro exemplo com tanto tempo no ár.
Um produto longevo, popular, dando retorno como se fosse lançamento e com impecável relação custo versus investimento  é o sonho de toda empresa dentro do seu negócio. E esse BBB é só mais um produto televisivo longevo, ponto. O público? Voyeurs aos milhões. Quem quiser, consome. A miséria começa quando um produto televisivo leva pra dentro das casas uma cena de estupro e trata isso apenas como “quebra de regras”. Hipocrisia séria. Não dá nem pra dizer que é moralismo, é sobrevivência mesmo. Tudo tem um limite e no caso de um BBB, o limite precisa ser o da cidadania. A televisão precisa fazer sua parte, praticar mais gestos de cidadania na tela. Se dá pra controlar quase tudo numa grade de programação, mesmo um BBB, não dá pra acreditar que não seja possível colocar mais atitudes de cidadania no ar, ainda que a fórceps. Qual a diferença entre mostrar uma rinha de galo em cadeia nacional e um estupro?  Me imagino na pele de um executivo responsável por uma marca de automóveis que estivesse patrocinando um circo destes. Teria ficado uma noite sem dormir, faria uma telecom com a matriz da empresa e repensaria rapidinho o patrocínio - mas isso é o que euzinho faria. Não ia querer minha marca metida em polêmica. Se você é um desses caras, ligue já pra outros dois ou três patrocinadores fortes e, em colegiado, exija um plano de contingência mais efetivo da Rede Globo, com direito a mudanças no perfil do programa. Não fez? Perdeu tempo, prestígio e dinheiro. E ganhou um risco, se a polêmica perdurar.
Reprimir a imprensa é um ato tão ante democrático quanto um Ministro mandar mais dinheiro pro seu estado de origem do que pros demais. Então não seria mal se algum juiz questionasse a Rede Globo plin plin por plin plin sobre o tal estupro no Big Brother. Mas o melhor antídoto mesmo pra esse tipo de coisa é o bolso do patrocinador, infelizmente. E se foi armação? Se tudo foi armação justamente pra criar polêmica, estuprador e vítima podem ter feito parte do "deixa disso" em troca de um cachê polpudo, claro. E se foi tudo milimétricamente pensado? Quantos advogados cuidadosamente mobilizados de ambas as partes são necessários pra que uma polêmica premeditada não saia do controle? Só tem um jeito: se você não tem filhos, vá transar nessa hora e de forma saudável, amorosa e criativa. Engane o patrocinador e aproveite o horário nobre pra uma prática nobre. Se você tem filhos, ofereça alternativas de coisas legais pra eles, dê livros divertidos, crie distrações saudáveis nessa hora pra que não exista o mínimo interesse por parte deles em ficar vendo o tal BBB. Dá um pouco mais de trabalho, mas não basta ser pai e mãe, tem que participar. O futuro da sua família agradece.

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