segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Pfizer - estratégia para reduzir impacto da perda de patentes é comprar empresas

Comprar empresas, principalmente em países como China, Rússia, Turquia e Brasil para crescer nos mercados emergentes. Essa é a estratégia da Pfizer para compensar o fim da patente de medicamentos fundamentais para os seus resultados. Além da patente do Viagra, a empresa vai perder em dezembro de 2010 os direitos de exclusividade sobre o Lipitor, um dos mais populares remédios contra o colesterol alto. O Lipitor sozinho registra US$ 12 bilhões em vendas, o equivalente a 25% do faturamento global da Pfizer, que foi de US$ 48 bilhões em 2008.
Para reduzir a dependência de alguns produtos e aliviar o baque sobre os resultados, a Pfizer comprou em janeiro de 2009 o laboratório americano Wyeth, por US$ 68 bilhões. No Brasil, avaliou a aquisição da Neo Química, laboratório de capital nacional, com sede em Goiás, especializado em genéricos e similares.
Com a compra, abriria uma porta para ela mesma entrar no mercado de genéricos e lançar versões do Lipitor e do Viagra. O negócio, no entanto, foi fechado pela Hypermarcas. Segundo Adilson Montaneira, diretor de Negócios da Pfizer no Brasil, a empresa também pretende fortalecer a divulgação de suas marcas, mesmo após o vencimento das patentes. “Apesar de a Pfizer ser uma empresa de inovação em medicamentos, seu portfólio de produtos maduros é vasto”, diz Montaneira. “Aproximadamente 35% das vendas da Pfizer no Brasil são de produtos maduros, já estabelecidos.”
iG: Qual será a estratégia da Pfizer para lidar com o fim da patente de Viagra?
Montaneira: O vencimento da patente de qualquer medicamento sempre afeta, em maior ou menor grau, a indústria. É um processo natural do negócio farmacêutico, bem como de outros setores, e a Pfizer se planeja para isso. Para minimizar os impactos, investimentos em pesquisa e desenvolvimento de novos medicamentos, firmamos parcerias e fazemos aquisições. A compra da Wyeth sinaliza uma das estratégias da companhia, que pretende ser a maior empresa biofarmacêutica do mundo. Por outro lado, o vencimento de uma patente também gera oportunidades. O Viagra é a marca do segmento de disfunção erétil. Seu valor é incalculável. Nosso objetivo será defender essa marca junto aos médicos, pacientes e canais de comercialização. Acreditamos que Viagra continuará no mercado convivendo com genéricos e similares. Outra forma de lidar com o impacto da perda de patente é crescer no segmento de produtos maduros ou estabelecidos. Apesar de a Pfizer ser uma empresa de inovação em medicamentos, seu portfólio de produtos maduros é vasto. Estamos falando de medicamentos já consagrados. Só para se ter uma idéia, aproximadamente 35% das vendas da Pfizer no Brasil são de produtos maduros, já estabelecidos. Assim, somado os produtos inovadores e a linha de produtos maduros, seguiremos convivendo de forma saudável com a perda de patentes.
iG: Parcerias, aquisições estão nos objetivos da empresa?
Montaneira: Parte da estratégia de crescimento da Pfizer é investir em mercados emergentes. Sete países foram selecionados como prioridade nos próximos anos, entre eles o Brasil. Estima-se que o mercado brasileiro nos próximos quatro anos apresentará crescimento de 10% ao ano no mercado farmacêutico. Neste contexto, a empresa se valerá de todos os mecanismos e alternativas para atingir essa meta.
iG: Existe liminar para extensão do prazo da patente de Viagra? Como anda esse processo?
Montaneira: Em primeiro lugar é preciso esclarecer que a Pfizer não tem nenhum pedido de extensão de patente de Viagra. Houve um pedido de correção no prazo da patente do medicamento, porque a data estipulada no Brasil para o vencimento difere da contagem que a Pfizer entende como correta. A Pfizer entrou com uma ação judicial para corrigir a data da vigência da patente de Viagra de 2010 para 2011. A situação atual é: a Pfizer tem uma decisão judicial favorável à correção do prazo, tal como solicitado para a Justiça, e este processo está tramitando normalmente no Poder Judiciário.

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