quarta-feira, 21 de março de 2012

Coaching SIM, Exorcismo NÃO

Imagine poder entrevistar (e filmar) dez especialistas em gestão de pessoas, com a pergunta “quais são os principais desafios em gestão de pessoas hoje em dia?”. Agora misture os depoimentos numa ilha de edição, tipo um mosaico em vídeo. O resultado? Um desfile de coisas como “reter talentos”, “conhecimento”, “motivação” “treinamento”, “reconhecimento”,     “liderança” e “competências (esqueci alguma coisa? talvez).
Enquanto isso, o “x” da questão continua refém das mazelas diárias de uma empresa. A rotina se revela um tal de planejar o futuro e realizar o presente. Mas o “x” tá lá: afinal como as pessoas se tornam gerentes de outras pessoas? Ainda se promove gente porque trouxe bons resultados, bateu meta, tem motivação. Errado? Claro que não. Justo? Depende. E depende mesmo. Cresci ouvindo que um Gerente não nasce pronto. Tem que “ralar peito” no dia a dia, tentativa e erro, até entender seu papel. “O cara” tem que ser modelo pra equipe, ensinando o grupo a reproduzir os resultados que trazia pra empresa quando era Vendedor. Como se fosse uma questão de virar a chave e puf!, se fez um Gerente motivado, esforçado. A equipe é sua antiga equipe, então na camaradagem vai dar conta do recado, afinal tem experiência e resultados pra mostrar. Falo por mim, pois sou fruto dessa cultura – hoje enxergo as cabeçadas que dei nos primeiros cinco anos como Gerente. Lembro que, quando fui promovido, no jantar de comemoração, olhava aquela gente toda e pensava baixinho: “esses caras estão loucos, não estou pronto pra isso!”.
Só que na ponta existe um grupo de “novatos” inclementes. Gente bem menos afeita à escola do “aqui mando eu” e que muda de emprego como quem muda de camisa. Estão dispostos a seguir um líder que realmente desafie a equipe com propostas simples, planos de ação coerentes e metas claras. Que saiba reconhecer virtudes e ajude a superar defeitos, delegando responsabilidades. E que tenha maturidade pra enxergar os próprios defeitos como ferramentas risonhas de aprendizado pra si e para a equipe. Só que o nosso Gerente não se não se sente bem dessa forma, porque não pediu pra estar lá. Passou o ano fazendo curso de liderança disso e daquilo. Até um Coach contrataram pra ver se “endireitava”. Ele fazia tão bem aquilo que sabia fazer e hoje não consegue fazer com que a equipe repita os resultados que ele entregava. O desfecho a seguir é uma equipe com duas vagas – um bom vendedor desperdiçado e um péssimo gerente demitido.  

O artigo de Jaqueline Weigel (diretora da Weigel Coaching Associados - para ler, clique aqui) aborda o tema mostrando como o Coaching pode auxiliar na solução de um problema velho que só tem cara de novo. O profissional de Coaching pode ajudar a reparar erros como o caso acima, usando técnicas e ferramentas pra que o Gerente se descubra e assim encontre a melhor forma de influenciar sua equipe. Concordo com Jaqueline e digo mais: jamais confunda, por gentileza, o Coach com um Exorcista – tem empresa que contrata o Coach como último recurso, na bacia das almas, como se o cara já entrasse na sala de reuniões de crucifixo em punho, bradando “xô Incompetência, deixa o corpo desse Gerente que não te pertence!”.
Enquanto o problema “de raiz” continuar, seguiremos andando em círculos, buscando a salvação onde não há salvação e as empresas, perdendo dinheiro e gente. Já venceu o prazo para revermos a forma como escolhemos pessoas e as colocamos na fogueira. Você Gerente Sênior, pense nisso com carinho. Pense já e faça a coisa certa desde o início. Pare de confundir promoção com punição - os verbetes tem diferenças sutis na escrita mas bizarras na atitude - depois, não vai adiantar nada transferir o “mico” pro Coach
fonte: administradores.com

3 comentários:

  1. Daniel, ótimo o seu comentário, principalmente no aspecto que aborda os promovidos para "liderar".
    Sabemos que muitas pessoas realmente são promovidas pelo conhecimento técnico e não pelo gerenciamento de pessoas. Esse aspecto também é claro quando se fala em recrutamento e seleção, onde os gestores investem muito no conhecimento técnico e relegam a parte comportamental.
    Pense em quantos lideres altamente capacitado tecnicamente que conhecemos? Ótimos em mandar, mas que não tinham a mínima capacidade de inspirar pessoas para coisa básicas, muito menos de mudar postura? A maioria com alta capacidade técnica e ótimos resultados, mas sem nenhuma capacidade em gerenciar pessoas.
    O que vejo é que ainda temos muitas empresas que contratam ou promovem pessoas com foco na capacidade técnica e ótimos resultados, sem se preocupar com os aspectos comportamentais.
    Por fim, será que todos os gestores tem capacidade de se transformar em líder, mesmo com a ajuda de um coach? Eu tenho fé que as pessoas querem crescer, mas já conheci muitos que não fazia nenhuma questão de mudar.
    Abraços.
    Máximo Maia
    G.Treinamento

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    1. Máximo, obrigado pela sua importante contribuição. Veja que esse tema permeia as organizações há anos e existe uma relutância em tratá-lo de frente. Ainda vemos que tratar a questão comportamental é visto com limitação de budget, mas que tráz e sempre trará ainda mais perdas financeiras às empresas.

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  2. Daniel, como sempre seus comentários são bastante atuais e pertinentes. Só não entendemos porque esses desvios continuam e são cada vez mais frequentes dentro das Corporações...
    Nos responda numa próxima...

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