domingo, 27 de março de 2011

"Pra que serve o Maestro??"

Saíamos na porta do teatro em silêncio, o ar lá dentro estava viciado. Com a Orquestra Sinfônica do Conservatório de Tatuí e o violão do Maestro Fábio Zanon ainda na cabeça, quebrei o silêncio: “Da 5ª sinfonia de Beethoven, a gente conhece mais o primeiro movimento, é mais popular.” Minha mulher se saiu com essa: “Ok, mas...pra que serve o maestro?”. Demorei um pouco pra responder, precisava organizar essa resposta. Pensei que fosse mais fácil responder a isso. 
Fábio Zanon
Músico e Regente de renome internacional
A partitura de uma música é uma reunião matemática de notas musicais e, por isso, tem peculiaridades que não são entregues ao músico no mais. A interpretação, a forma como cada músico vê a peça, a perspectiva é algo que só depende de cada músico. É como se cada música tivesse um “sotaque”, dependendo de quem a executa. Uma orquestra tem de 30 a centenas de músicos. Imagina se cada um for dar a sua interpretação e sua visão de mundo ao tema, sem uma conexão única, uma harmonia – seria uma bagunça. O maestro unifica tudo isso. Ele reúne os talentos individuais numa única interpretação. É da função dele antever as entradas, marcar as explosões emocionais da música, transmitir sentimento e dar personalidade própria e única à orquestra. Também precisa conhecer muito bem diferentes estilos musicais e repertórios, pois é ele quem diz a cada grupamento de instrumentos qual a melhor forma (e a mais original) de interpretar uma obra, como deve soar. O maestro é capaz de comunicar suas intenções e fazer vibrar o conjunto apenas com o olhar. E o grupo de músicos, que normalmente são os melhores, reconhece nele a autoridade de um líder. É claro que a orquestra é capaz de executar um tema sem o Maetro, mas certamente seria um bando de caras geniais executando um tema cada um à sua maneira - isso é bem diferente.
Meu filho ouviu a tudo e não perdeu a chance: “pra que o pauzinho na mão do maestro?” – A batuta hoje é mais um símbolo, um ícone da autoridade do Regente. Segundo os entendidos, é tecnicamente dispensável. O Maestro João Carlos Martins, por limitação das mãos, rege sem batuta.
Uma vez estive numa palestra sobre Gestão com o Maestro Walter Lourenção, criador da Sinfonia Empresarial - tema que correlaciona o funcionamento de uma orquestra com o de uma empresa, seus funcionários e líderes (no caso, os Maestros). Só ali, consegui entender bem o papel de um Regente - precisou um maestro, 80 músicos e duas horas de palestra com demonstrações práticas. Não admira que minha mulher e meu filho (e assim como a maioria das pessoas) ainda se perguntem "Mas afinal, pra que serve o Maestro?".
Veja performance da Orquestra Sinfônica Jovem do Conservatório de Tatuí e mais abaixo performance do Maestro Fábio Zanon:


fontes: wikipedia, Conservatório de Tatuí website e Cifra Club

Um comentário:

  1. Dani, a última frase não está com letra maiúscula no início. "Veja performance...".

    A palestra que vc cita é aquela no Sauípe em março de 2001?

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