domingo, 4 de dezembro de 2011

Aos sessenta e mirando o futuro

Recebi um texto de Tita Teixeira - OS SEXALESCENTES (um trocadilho com sexagenário-adolescentes, acho) . Gostei muito da reflexão, tentei achar a autora na web, mas deve ter umas dez Titas Teixeira. Uma pena, gostaria de entrar em contato. Recebi o texto do meu amigo Pietoso. Se você recebeu, leia porque esse vale à pena.
Chegar aos sessenta é entrar num novo estilo de ser e ver a vida o qual não sabemos como lidar. Num tempo nem tão distante assim, gente com sessenta anos era velha. Ter sessenta anos era sinônimo de pijamas e chinelos, INSS, etc. Essa noção de tempo se foi. Então surge uma população enorme com estilos de vida, visões de mundo, vitalidade, expectativas e necessidades as quais nada tem a ver com aquela antiga noção do que é envelhecer. Mas que, exatamente pelos mesmos paradoxos, gente novinha é que não é. E lidar com isso não é e vai ser simples tão cedo. As estruturas e relações de trabalho, os planos de saúde e as previdências sociais (pra ficar só nesses) não contavam e não contam com essa mudança e, pelo visto, não há solução imediata. Nem os filhos se prepararam pra isso. Pais joviais, humanos, com os mesmos dilemas, requisitam atenção e esbanjam vitalidade.  
A cultura da poupança visando o futuro não é exatamente uma prática no Brasil. Torramos tudo enquanto o braço é forte, o que já não ocorre em outras culturas, como no Canadá e nos EUA. Mas o problema previdenciário é mundial, não só brasileiro. Nos EUA, o montante acumulado como reserva previdenciária é equivalente a 120% do PIB - a população se prepara a vida inteira para a velhice – porém com a crise americana, o Escritório de Censo do país publicou uma pesquisa preocupante: existem hoje mais de 49 milhões de pobres no EUA e os idosos estão no grupo que mais empobreceu entre 2008 e 2010. Em países europeus, como Itália, França, Noruega e Grécia (muito parecidos com o Brasil nesse quesito), a concentração de reserva previdenciária é equivalente a menos de 10% do PIB. Não precisa ir longe pra perceber qual será o elo fraco com o impacto da crise européia.

Até 2050 teremos cerca de dois bilhões de idosos no mundo e não há Previdência que segure uma população como esta. Ok, então essa massa terá que continuar trabalhando para equilibrar a balança. Como está acontecendo em alguns países europeus, dentre algumas regras de aposentadoria que estão sendo revistas, a idade mínima para a aposentadoria está sendo revista pra cima. Mas como fazer pra continuar na ativa? Qual empresa tem em seu plano futuro o objetivo de abrigar mais pessoas com mais de 50 anos em seus quadros? O movimento tem sido juntamente o contrário. Num mercado pulsante, cheio de oportunidades, a experiência de guerra poderia ser o fiel de balança nas relações comerciais bem sucedidas. Mas não. O que se vê é gente mal saída da faculdade, analfabetos emocionais, cheios de Ipads e prepotência juvenil querendo tocar grandes negócios.
Em algum momento, a mídia de massa terá que dar uma mãozinha na mudança de perspectiva dos sexalescentes e empunhar a bandeira do "ser sessentão é "in". Alguém duvida do poder que a TV aberta tem sobre o comportamento das pessoas?  É só prestar atenção na forma como a homosexualidade está sendo abordada em combate ao preconceito. Enquanto isso não acontece, sugiro aos queridos sexalescentes dois passos pra trás e um pro lado – reduza seu passivo ao mínimo. Mude de paradigma – o apego à raiz é um veneno. Aquela casa dos sonhos, transforme tudo em reserva, vá para uma bem menor e tão confortável quanto, de preferência cujo aluguel seja menor do que o retorno de um bom investimento. Compre algo que possa virar renda extra – se foque nisso. Se seus filhos ainda dependem de você, chame pra conversa e anuncie o desmame, planeje isso com eles no curto prazo.  E, seja lá o que for fazer, use o capital intelectual. É um estoque que não acaba nem fica imobilizado. Capital empatado, jamais – só dá dor de cabeça. Faça isso, não espere ajuda de onde tão cedo não vai vir. Fique leve e aproveite. Isso vale bem mais que a casa dos sonhos. Como tudo na vida, isso dá trabalho, mas só existe uma certeza - vamos todos chegar nos sessenta, com grandes chance de ultrapassá-lo. Então porque não tentar de forma digna? Afinal, pra quem já trabalhou tanto, mais um pouco não vale? Claro que sim.
fontes: drprevidencia website e voce s/a website

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