sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Jamais confie em quem não ama o que faz

Encostar num balcão e ver que a pessoa que vai me atender se arrasta pela vida é muito triste. Me sinto uma coisa chatinha que resolveu parar e que a pessoa tá ali não pra me socorrer, mas pra me fazer um favor. Gente cansada trabalhando no comércio é um perigo e isso é o mais comum, infelizmente. O crescimento contínuo do e-comerce em mais de 30% ao ano, mesmo com os riscos, pode ser uma boa resposta a isso...

Há dois anos parei numa loja do Ponto Frio pra comprar um laptop – não dá pra dizer que é um negócio barato, são mil e poucos contos assim...puf. Mas eu entrei disposto a “comprar” mesmo, não estava em dúvida. Um cliente assim é uma baba – o vendedor só precisa seguir o script, pois a venda já tá feita e eu sabia disso. Por isso minha expectativa de ser bem atendido era mínima. Conversei com o vendedor e o cara me surpreendeu. Conhecia bem o equipamento, me mostrou as diferenças sutis entre dois modelos e, na hora de negociar, foi firme. Pedi um desconto maior, joguei pesado. Ele mostrou até onde poderia ir, em compensação me vendeu mais duas vantagens: o seguro contra roubo pra um ano e a garantia estendida – e fez algo que jamais tinha visto um vendedor fazer: me mostrou o contrato da seguradora, apontando as cláusulas que reforçavam o que ele estava dizendo. Tudo isso sem jamais baixar os ombros, sem ser submisso e nem ser arrogante. Jamais esqueci o nome dele: Márcio. No fim, já com a caixa do laptop, deixei um cartão meu com ele, pra o dia que ele resolvesse deixar o comércio. Ele, meio constrangido, recebeu o cartão e sorriu: “- Puxa, muito obrigado, a gente nunca sabe o futuro, mas eu adoro o que eu faço.”
Um tempo depois, voltei na mesma loja e não vi o Márcio. Tinha deixado a loja e ninguém conhecia ele. Só tinha uns novatos que vieram com a postura de sempre: ou muito elétricos (os tais burros motivados) ou cansados demais pra atender. Perguntei se tinha virado Gerente. “- Dessa loja, não” - respondeu alguém de quem jamais lembraria o nome. De quantos “Márcios” uma grande empresa abre mão sem perceber? E ninguém nem conhecia o cara... Dei as costas, fui vasculhar outras lojas e não voltei mais lá. Ok, em homenagem ao Márcio, veja o vídeo abaixo (enviado pela nossa parceira de blog Ana Paula Falk, de Zurique). Está em alemão, mas você não vai precisar entender uma palavra.

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