sábado, 18 de fevereiro de 2012

Joshual Bell e o metrô - quando a ignorância não é uma bênção

Joshua Bell
o virtuose que ninguém viu
Cena comum em cidades como Washington DC, Nova Iorque ou, eventualmente, São Paulo. Um cara de jeans, camiseta e boné preto desce do metrô com sua caixa de violino. Pára próximo da porta mais movimentada, abre a caixa de jeito que fique fácil o passante alcançar um dinheiro. Saca um violino e manda ver um clássico de Bach. Um senhor já idoso desacelera, presta atenção, mas continua em seguida. Faz frio lá fora. E um cara de casaco pesado passa apressado, joga um dólar. Várias pessoas passam, desaceleram pra, em seguida apertar o passo, rumo aos afazeres. Só a criançada parava e olhava fascinadas, sempre apressada pelos pais. Foram 45 minutos e no final, apenas seis pessoas tinham parado. A “arrecadação”? 32 dólares. Terminado o serviço, fechou sua caixa e sumiu sem ser percebido.  
O cara? Joshua Bell, violinista virtuose americano. O violino? Um Stradivarius de 1713, avaliado em mais de três milhões de dólares. A peça de Bach? A 6ª sinfonia. Segundo os críticos, uma das mais complexas já executadas. Dois dias antes, ele tinha lotado um teatro em Boston, com ingressos a 100 dólares. O músico tocava no metrô a convite do Jornal americano Washington Post. O jornal queria provar o quanto as pessoas se deixam influcienciar apenas pelo que a mídia coloca em forte destaque. O gosto é decidido pela evidência massiva e ponto. Dependendo do contexto, a percepção de talento e qualidade é baixíssima, nesse caso, nula.

Conheço absurdamente menos música clássica do que admiro. O nome Joshua Bell, tinha lido em eventuais colunas de jornal ou na web. Me pergunto como reagiria se entrasse naquela estação, naquele momento: por uns cinco minutos, ficaria ali fascinado pelo som robusto e contagiante daquele violino. Acenaria um tímido “tank you”, como faço com todo o músico em lugares públicos (churrascarias, por exemplo. Tem que ser muito macho pra tocar enquanto os outros comem). Também daria uns dólares e seguiria meu caminho. Ótima sacada do jornal. Triste constatação pra nós, soberbos desimportantes. Veja clip abaixo.

fonte: terra.com e Washington Post

Nenhum comentário:

Postar um comentário