domingo, 23 de junho de 2013

Depois de quinhentos anos, será que agora vai?

O que importa é o fato: uma boa fatia da população brasileira resolveu que ia ter sol e era dia de marchar. Marchando, emperrou cidades importantes e já travadas por natureza. Deixaram os governos estaduais e municipais sem entender nada. Não era um movimento como os dos manuais da história. Jamais um movimento sem intermediários foi sentido tão de perto. De uma hora para outra, até perto demais – os vizinhos do Governador Sergio Cabral que o digam. Um movimento sem um rosto, mas com todas as vozes, pra todos os lados, assusta. Nunca se viu uma orda de políticos tão acuados e sem ter algo relevante a dizer. Uns trapalhões. Partidos e "homens do povo" ficaram ainda menores do que já são. E, pra dar mais emoção à coisa, político "zoado" fala bobagem. Deu no que deu.

Por uns trocados, a história do Brasil de 2013 vai ter mais páginas. Quando uma população inteira sapateia em torno de algo específico e bem entendido por todos, do porteiro do prédio ao chef de cozinha, a gritaria surte efeito.

Então, se realmente uma mudança está acontecendo em nosso país, terá que ser por coisas claras e específicas, o jogo agora mudou. Aprendemos um caminho. O assunto é a PEC 37? Então vamos entendê-la. É a falta de professor em sala de aula? É a reforma política? O que vem exatamente em primeiro lugar, como fazer e por onde começar? Redução de privilégios da turma do Congresso, por exemplo? A mesma coisa. Copa do mundo? Tem que entender os diversos lados da moeda. Quando o Brasil se candidatou, achei exagero (reforçado pelo fato de que o futebol não me diz muito, é verdade). Mas agora já foi, tá feito e o mesmo se passa com as Olimpíadas. E, em sendo o escolhido, precisa mesmo de estrutura – copa tráz dinheiro sim pra um país, mas a que custo? E sob que condições? E pra quais bolsos? Vamos entender de fato. 

E o orçamento direcionado para educação, saúde e outras necessidades? É ou não comparável nesses casos (claro que não, mas quem protesta não costuma ver números)? De que forma esse orçamento (que não é pequeno) é usado? E cadê a cadeia pros mensaleiros? E o Carlinhos Cachoeira? Já pensou? 2.000 manifestantes acampados em frente ao condomínio dele, batendo panela e sapateando, sem descanso? Haja passeata (ou sapateata, como queira).
A gestão pública e a passividade com os maus políticos seguem sendo um lixo no Brasil, com ou sem Copa – o problema é que estamos sendo enganados há 500 anos, uma hora nos damos conta.  Mas não dá pra deixar tudo junto misturado. Na hora da verdade, parece que o racional foi invertido: começou-se o protesto do particular pro geral - tudo bem. O importante é que não partiu  de “pseudo-líderes” ou “gurus” da ordem.

Fernando Gabeira, em entrevista, acredita que a “primavera brasileira”, parece fadada a ficar. Diferente de outros tempos onde se mobilizava gente em reuniões fechadas e por bilhete, a articulação assustadora por meio de redes sociais mostrou a cara da revolução e quem, de fato, está falando.  A liberdade está sendo reinventada. E tudo em função da complexa relação entre fascínio e medo que a internet exerce sobre pessoas, empresas, instituições. Nem a relação entre manifestantes e a despreparada polícia será mais a mesma depois que smartphones aprenderam a filmar. O jeito é sentar no meio da passeata e esperar. Nem a polícia nem o vandalismo perdem por esperar.

Talvez seja essa mesmo a fórmula pra varrer a sujeira pro lixo e não pra baixo do imenso tapete da nossa história. Só que nesse momento, por causa do futebol, estamos expostos ao mundo. Não é hora de atropelar. O gigante que tropeça, esmaga tudo a sua volta. Por isso, não compre nada sem ler a embalagem antes. Não vá por mim, nem pelos outros. 

Quem quer mudar algo tem que fazer a lição de casa primeiro e estudar. Chega de assinar sem ler, esse é um hábito que temos que mudar. Faça mais contas, faça mais perguntas. Em breve, veremos nas notas do caixa o quanto pagamos de impostos - achou muito? Devolva e não compre. Era indispensável comprar? Regateie, pesquise preço. E depois, publique o abuso. Ensine isso a seus filhos. Menos futilidade e mais efetividade, assim se forma um cidadão. Dá trabalho? dá sim. Mas mudança se faz aos poucos, cuidando onde pisa e sem andar pra trás. 






Haddad e Alckimin - sem o que dizer, sem saber pra onde ir







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