Um dia você acorda com manchas vermelhas enormes na pele, algum tipo de alergia. Você entra na web e acessa a agenda do seu médico. Checa horários e escolhe aquele que convém. Quando clica no seu nome, você encontra lá todas as informações sobre sua saúde – diagnósticos, exames, medicamentos, tratamentos, eventuais cirurgias e procedimentos realizados, tudo vinculado aos médicos, hospitais ou clínicas por onde você tem passado e em ordem cronológica. Você chega no seu médico e, ao iniciar a conversa, ele já consultou o mesmo cadastro e está pronto para fazer a anamnese. Você vai falando o que sente e ele vai vinculando mais informações sobre você aos seus sintomas.
Qualquer médico, laboratório ou serviço de saúde que você use deveria poder acessar informações suas, minhas, de qualquer pessoa, desde que autorizado e por uma razão específica: medicina preventiva é medicina estratégica e nesse campo, a existência de um prontuário único com informações sobre pacientes é um avanço necessário em boas práticas de saúde pública – só que já estamos atrasados. Um paciente é atendido ao longo da vida por inúmeros profissionais – desde enfermeiros até fisioterapeutas ou psicólogos. E passa também por diversos exames em diferentes locais, tomando diversos tipos de medicamentos – e só ele é capaz de responder a pergunta “O que você está sentindo?”, ninguém mais. Seguir esse rastro de forma organizada significa mais efetividade em achar os problemas e partir pra solução. A tomada de decisão não fica restrita à habilidade do médico em fazer escolhas. Ele vai ter mais suporte, pra avaliar riscos e oportunidades de conduta. Sob o aspecto legal, estas informações podem ajudar no registro histórico dos procedimentos, o que dá mais segurança ao paciente e também ao médico.

Um dos pilares da gigantesca reforma da Saúde americana é justamente um braço digital, focado em EHR (Electronic Health Records). Em março de 2010, o Congresso americano aprovou a execução do projeto ARRA 2009 (American Recovery and Reinvestment Act) com um aporte de 20 bilhões de dólares. O projeto consiste na adoção de ferramentas de registro de pacientes, com direito a plano de incentivos para os médicos que se cadastrarem de 2011 até 2015. Enquanto estudava para este artigo, meu pai olhou por sobre o óculos e sentenciou: “- Pra um projeto destes virar alguma coisa em 5 anos, precisa atuação forte das empresas de Planos de Saúde, que detém mais de 50% das “vidas” desse país. Se o governo se meter a gerenciar isso, esquece – serão 20 anos além dos 20 bilhões.” – sábio esse meu pai.
Prefiro acreditar que um projeto com essa magnitude possa, nem que seja por inércia (na pior das hipóteses), repercutir por aqui. Quem sabe não demore tanto pra que mais informações possam ser dadas ao meu médico, muito mais rápido do que ele possa dizer “deixa eu ver sua língua”.
Fonte: Health Care Brazil website.
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