segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Todos os Aviões do Mundo

Nem Santos Dumont nem Irmãos Wright. Genialidade coletiva. Assim surgiu o avião e não foi rápido. O Santô, como o brasileiro era conhecido em Paris, conseguiu voar 220 metros com um artefato de bambú e seda mais pesado que o ar – ainda não dava pra chamar de avião. Mas chegou perto, com a Demoiselle, o tetravô dos ultraleves.  Os Irmãos Wright deram dirigibilidade, leveza e desenvolveram motores fortes – os aviões da primeira guerra surgiram a partir daí. Mais adiante, Howard Hughes, rico, genial e lunático, deu sua pesada contribuição – o avião como a gente conhece hoje, de asa baixa, aerodinâmico, com uma fuselagem lisa e bem acabada saiu das obsessões dele por desempenho e design. Aconteceu na época o mesmo que ocorre hoje com a era digital. Todo mundo vai metendo a mão e vai criando  um “algo a mais”.
"Todos os Aviões do Mundo"
Enzo Angelucci
Um novo Boeing, o primeiro Dreamliner pousou num aeroporto japonês em 2011. Vinte por cento mais econômico que os outros, muito mais leve e tecnologicamente o mais avançado - é o que a imprensa diz. Lembrei do meu livro “Todos os Aviões do Mundo”, Enzo Angelucci.  Tinha 9 anos quando ganhei esse livro dos meus pais. Meu primeiro livro de gente grande. Quantas páginas, um monte de aviões...”- Pai, porque um avião voa?” Meu filho veio com esta pergunta, atônito, enquanto folheava o mesmo livro amarelado. Pensei rápido. Explicar tecnicamente o porque um avião voa é um pouco demais quando se tem oito anos. “- Ele voa porque uns caras pensaram nisso e acreditaram que alguma coisa mais pesada que o ar podia voar.”  Ele folheava e ouvia. Parou num punhado de páginas rasgadas. “-Pai, cadê esses aviões?”. Olhei de canto: “- Isso foi quando resolvi te dar esse livro cedo demais, quanto tu eras bem pequeno.” Ele não acreditou: “- Fui eeeu? Pai, como que tu me dá um livro desses pra eu rasgar??” E folheava consternado. “-...fui eu mesmo, né pai...eu rasguei a história da aviação”. E fazia carinho nas páginas. Ante a minha confirmação, acabou ali o último fio de esperança naquele olhar miúdo, tipo “diz que eu não fiz isso”.  Jeito simples e natural para uma criança cair na real e aprender a respeitar ainda mais os livros.  Com um olho no livro rasgado e outro na televisão, ele me solta essa: “- Pai, pra esse Dreamliner ser construído, muita gente teve que sonhar com ele voando, né...”.  É isso mesmo filho. Você entendeu bem o recado.
veja vídeos:
Irmãos Wright - o primeiro vôo
Howard Hughes e o "Spruce Goose"
A "jóia tecnológica" de Howard Hughes"

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