segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Penso, logo roubarei sua idéia...

Sob a bandeira do ceticismo, o pensador francês Rene Descartes criou o Método Cartesiano. Queria disciplinar a ciência, como uma forma de fugir do campo da especulação. Pregava que deveria se duvidar de tudo que pudesse ser duvidado e jamais acreditar em qualquer coisa que não tivesse um fundamento – nada passaria sem uma boa evidência. É considerado o pai do pensamento metodológico.

Rene Descartes
Penso, logo existo

É bonito ser Cartesiano. A palavra “Cartesiano” soa como coisa que tem alicerces. A palavra é viril e soa firme, coisa de gente centrada, olhos de falcão. Coisa de quem joga xadrez - nos momentos tensos, não mexe um músculo, fica ali analisando o próximo do próximo do próximo lance. Tudo pode ser desfragmentado e racionalizado. O problema é quando o número de cartesianos por metro quadrado cresce em escala inversamente proporcional ao número de pessoas que sabem o que Descartes significa.  Pode ser bastante conveniente evocar o pai do Método. Se você simplesmente quiser boicotar o projeto de alguém é só evocar “Cara, não concordo. Gostaria que me desse mais provas. E por mais que a pessoa apresente seus argumentos, a desculpa pra evitar riscos é sempre a mesma. O pseudo cartesiano pode se utilizar até do mais reles e baixo absolutismo só pra que você não o convença de suas intenções – e acredite, se ele tiver poder e estiver desconfortável, vai fazê-lo. Cresças irracionais, montes delas, podem estar por trás do manto, ou melhor, do mantra “Desculpe, mas nessas horas tenho que ser Cartesiano, afinal são os recursos da empresa”.  

É mais do que justificado ter no entorno da mesa de reuniões uns Cartesianos (de verdade, não de araques) pra não deixar que a empresa se atire em qualquer projeto.  O mercado pune rápido quem se atira sem uma boa margem de certeza e um bom plano debaixo do braço. Mas cuidado com os vaidosos (e inseguros) de plantão. Evocam Descartes em vão, mas são mestres em virar as costas e usarem projetos que vetaram de outros. Ao bater o olho numa idéia que poderia bem ser surrupiada, são os primeiros a dizer: “Não vai dar, preciso de mais provas, deixe o hand out que olharei melhor. Perdão é que eu sou meio Cartesiano”.
fonte: web artigos, wikipedia

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