domingo, 7 de julho de 2013

Anderson Silva - mais um ídolo a menos

Assim como qualquer brasileiro mais atento, queria entender o que houve com Anderson Silva. Não pelo esporte, não pelo ídolo, mas pelo lado do ser humano. Por curiosidade mesmo. 

Tenho certeza que quando o assunto da roda for Anderson Silva, campeão por 16 lutas consecutivas do UFC, não estarei sozinho em meus sentimentos. Decepção, descrença. Parecia perfeito demais. A atitude, a postura, a integridade. Tudo isso reduzido a um único momento de fraqueza exposto pra milhões de testemunhas. Faltou fair play e uma imagem de 2 minutos vale mais que mil palavras. Naquele momento, penso comigo que foi coisa arranjada, é sempre o primeiro pensamento que ocorre depois que “cai o pano”. Anderson Silva entregou a luta porque dar a vitória ao adversário era, na verdade, parte de alguma estratégia de negócios de Dana White, the boss. Pode ser? Não sei. Já se viu de tudo um pouco no mundo das sacanagens nos negócios esportivos.

Mas, digamos que tenha sido arranjado, não deixa de ser uma estratégia de altíssimo risco, principalmente para patrocinadores (ao menos os que podem ter ficado de fora do suposto arranjo, se tiver). Se eu fosse CEO do Burger King, ficaria bem desconfortável de botar meu dinheiro nua jogada dessas. Ou alguma coisa estava acontecendo ali e não me contaram, pior ainda...

Por isso, o fato de o Spider ter pisado na bola importa menos que o exemplo que deu. Jamais subjugar um adversário (ou um colega de trabalho), nem rir na cara dele, nem fazer dancinhas estúpidas. Se foi arranjado ou não, azar – Dana White não ganhou um centavo comigo. Não paguei pra ver no paperview, vi no youtube. Então, o que me cabe é a parte do espectador que assiste a um cara abrindo a guarda, rindo do adversário, quase pedindo “vamos lá, acaba logo com essa palhaçada”. E a sensação de desconforto se estendeu pras entrevistas coletivas. O bordão "ele ganhou, temos que respeitar, agora só me importa ir pra casa ficar com minha família" se repetiu intensamente. Muito estranho.

A provocação faz parte do teatro desse esporte. Mas concentração e respeito também e ali não parecia ter um atleta concentrado, aliás uma das marcas registradas de Anderson Silva no octógono – concentração. 

Engraçado, lá estamos nós, sempre buscando a perfeição na forma de ídolos. Quando não é um Eike, é um Anderson ou um Joaquim Barbosa. Deuses com pés de barro. 

Talvez por que seja difícil aceitar que Deus (ou aquele em que você acredita) não nos fez para sermos perfeitos de cara, pá e bola. O caminho à perfeição não permite saltos. Nosso aprendizado é feito de um grão de areia por vez e demora, demora muito. Seja lá o que tenha acontecido, mais um ídolo fica nu. Pra nos mostrar que não existe milagre. Por mais capaz que seja qualquer ídolo volta rapidinho à condição de mortal – é só pisar na bola, bem pisado. 

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