quarta-feira, 24 de julho de 2013

Vitor Ramil - Foi no Mês que Vem

A umidade, a colheita, a pétala, o andar sobre trilhos mortos. Chuva dissimula uma friagem que perambula por ali. Olhando ao redor, nada pra lembrar, nenhum som conhecido. Todos mortos, sons tortos. Mas não desisti de toda essa beldade escondida. Lamento se meu caminho é tomar de assalto teu desejo. Não cuido bem de mim nesses momentos. Não sei mais lidar com isso, parei faz tempo.

(Daniel Souza, para Vitor Ramil)

Ouvir Vitor Ramil é isso, uma sede de palavras. Vontade grande de brincá-las. Comprei hoje o belo CD Foi no mês que vem e em nada me arrependo. É delicado e sublime em cada faixa, ainda que para ouvir precise desacelerar. Não é justo descompassar. Pare de pensar em outras coisas, em problemas, senão não vai rolar. Vitor precisa de pausa. É um CD duplo e com 32 canções muitíssimo bem arranjadas, coisa rara nestes dias de download. Tem músicas novas e arranjos novos para sucessos do passado, como a impecável Loucos de Cara. Vez por outra, um tom meio Caetano desponta nas canções. Vozes "peso pesado” também participam, como Fito Paes, Ney Matogrosso, Bella Stone, Milton Nascimento e Jorge Drexler. No pano de fundo dos arranjos, Marcos Suzano (percussão), André Gomes (baixo), Santiago Castellani (tuba), Franco Luciani (harmônica) e a Orquestra de Câmara do Teatro São Pedro (Porto Alegre, RS) e outros, fizeram do CD um desfile de notáveis da nossa música.
Vitor Ramil - milongas e lindas canções
O CD é, ainda por cima, fruto de financiamento coletivo (crowdfunding). Contando com a generosidade dos fãs, pra bancar o projeto Victor precisava de 60 mil reais – conseguiu 84 mil. Deve estar rindo de orelha a orelha e merece. Um dos compositores mais criativos da música atual, mas que ninguém toca em rádio, não é qualquer cara que consegue esse feito. Quando a música é boa, fã respeita - não precisa tocar em rádio.

Vitor Ramil, pra quem não o conhece ainda, é irmão de Kleiton e Kledir. O estilo musical difere dos irmãos, mais focado em milongas e tangos sofisticados. No sul do país, dispensa apresentações. Pra nós, gaúchos, um orgulho. Já foi cantado por Mercedes Sosa, Milton Nascimento, Gal e Caetano. Com um Curriculum destes, quem dera que o Brasil desejasse mais conhecer artistas como Vitor Ramil. Se dê esse privilégio.
  
Parabéns Victor, obrigado por mais esse presente. Vale cada centavo.
Veja vídeos.


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