domingo, 3 de março de 2013

Walk and Talk - O que motiva as pessoas?


Perdi o sono. Pra não atrapalhar o sono da minha amada, saí do quarto – na casa, só silêncio e o chic-chic dos chinelos. A prática do “tá sem sono? Vai pensar” não deveria se aplicar aqui, porque aí mesmo é que não durmo, mas agora “Inês é morta”. 

Então? O que pensar quando falta o sono? Engraçado essa coisa de viver de passado ou de futuro. Temos esse vício, todos nós. Canso de me pegar fazendo isso. Adiar a vida é um hábito. A vida é curta, mas tratamos ela como se fôssemos viver 300 anos. E então dizemos o tempo todo, pra nós mesmos e pros outros, absurdos do tipo “ainda quero fazer uma viagem pra tal lugar” ou “tô pensando em planejar um curso, mas ando meio enrolado”. Parece que a vida só tem sentido se for empurrada com a barriga, arrumando expectativas e desculpas. Se forem desculpas frustradas, é porque não era pra ser – o que vale é criar pequenos “futuros” vivendo de “passados”. Vivendo assim é fácil ser um frustrado, porque o presente não supre, é como um hamster na rodinha – o futuro é realizado sempre “logo ali”, só que não chega nunca. Crédo, meio louco isso. Mas parece que é assim mesmo.

Luah Galvão e Danilo España
Viagem pelo mundo pra descobrir o que motiva as pessoas

Com isso tudo na cabeça, entre o quarto e o escritório, fui pro Google. Deu no que deu...achei o projeto Walk and Talk – um projeto de vida da atriz e Luah Galvão e do fotógrafo Danilo España. Resolveram empenhar uma profunda andança mundo afora – 26 países nos 5 continentes em mais de dois anos de jornada (02/02/2011 a 27/02/2013) – com o objetivo de ver, ao vivo e em cores, o que motiva as pessoas. O que faz com que um ser humano acorde todos os dias e faça coisas, planeje sua vida? A motivação difere entre culturas? Como isso acontece?

Claro que ouvir tantas histórias produz seus efeitos. E surge a certeza de que é possível compartilhar aspirações, inspirações, estados de motivação, atitudes, tecnologias, vontades, pouco importando que seja entre “uma vovozinha guatemalteca ou uma adolescente da Nova Zelândia”, como diz o texto de apresentação do blog do Walk and Talk. O pano de fundo da motivação acaba dando margem a inúmeros exemplos de empreendedorismo solitário ou coletivo, como no caso da Cantina Gattavecchi, na Toscana. No mesmo espaço onde a família produz vinho há quatro gerações, Jonathan Gattavecchi (italiano) e Lilian (bahiana) criaram um espaço gourmet pra servir uma mistura de culinária ítalo-brasileira.

Colhendo depoimentos, fotos e vídeos, Luah e Danilo pretendem transformar o material em palestras, livros interativos e em material multimídia a ser compartilhado. Já no momento presente, compartilham seus aprendizados com uma mãozinha de blogs e redes sociais, publicando textos na Você S/A, no blog do projeto, Facebook e outras mídias.

O projeto não parece ser uma mera “viagem” nem mesmo na acepção da palavra, ou nenhuma empresa séria embarcaria. Mais do que idealismo, é um trabalho investigativo pesado. Quem lida com criação de conteúdo, sabe o trabalho que dá (pra ficar só nesse exemplo). A metodologia de pesquisa está sob orientação do professor Dr. Viktor D. Salis, psicólogo, especialista em mitologia, civilizações antigas e modernas e autor de diversos livros sobre estes temas. O Walk and Talk tem o apoio de diversas empresas e instituições, responsáveis por ajudar no planejamento e na execução do projeto e é financiado pela Gafisa.

Os depoimentos de Luah e Danilo fazem ver que viajar o mundo não é mais coisa de outro mundo ou de milionário. É questão de planejamento, boas escolhas e disciplina. E, segundo Luah, “uma das formas mais belas de entender outras culturas e constatar que a nossa visão de mundo é apenas uma entre tantas”. Justo. De quebra, é uma aula de como viabilizar qualquer projeto de vida sem ter que fazer tudo sozinho. Ninguém faz nada sozinho (outra pérola). Mas saber contar com quem pode (e quer) ajudar a fazer os seus projetos virarem realidade também é uma arte.  

Lendo tudo isso, me pergunto. Afinal, se tudo o que faço é pensar no que já fiz, versus ou que tenho que fazer...o que eu faço com aquele breve instante entre o acordar e o dormir, momento em que tudo acontece, todos os dias? Antes que o sol nasça, encontro duas respostas que, claro, jamais soarão como definitivas: Letra “a”: Muito pouco. Letra “b”: a ignorância, às vezes, é uma benção mesmo... E nada de vir o sono.

O projeto tem tanta coisa que um post não é suficiente, melhor recorrer ao site Walk and Talk. Luah e Danilo, obrigado por compartilharem comigo o que motiva vocês. Nesse momento, o que menos me motiva é o sono. 

Vejam um dos tantos vídeos do projeto.


fontes: Walk and Talk website e blog, blog Você S/A e revista ZAZ

Um comentário:

  1. Daniel, acompanho a viagem deles quase desde o começo e o projeto também me motiva muito. Realmente viajar não é coisa para ricos. Uma pena que a grande maioria não tenha descoberto isso ainda...

    Abraço!!!

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