domingo, 31 de março de 2013

Precisamos de mais Fair Play


Na coisa de educar, sou um absolutista confesso. Leis são de caráter centralizador, são irrevogáveis até segunda ordem e não existem alternativas a não ser cumpri-las. Até não nego explicar o “porque” das coisas, mas uma vez só, pausadamente e favor não insistir – o bicho pega. A isso chamo impor limites. Chame do que quiser.

Ivan Anaya e Abel Mutai
Então, à medida que o filhote vai crescendo, vai ficando difícil passar certos conceitos por decreto, nem por lobotomia. A coisa de educar passa por um estágio mais sofisticado: o do interesse e da vontade, onde cada oportunidade tem que ser aproveitada ao máximo naqueles breves minutos de pura curiosidade. Do contrário, parece que uma fina camada protetora  de teimosia e descaso se forma no entorno do pirralho. Quer um exemplo? Tente ensinar ao seu filho o que é Fair Play sem um motivo de peso. Algo que realmente chame a atenção e desperte interesse. Vai parecer piegas ou amanhã ele não vai nem lembrar. Mas bastou um evento ou fato marcante e está feita a oportunidade. A sofisticação passa por mostrar atitudes, mais do que palavras, mas no momento certo pra que tenham seu duradouro efeito.

Durante uma corrida no interior da Espanha em dezembro de 2012, Ivan Fernandez Anaya, 24 anos, vinha em segundo lugar e percebe que o queniano Abel Mutai, líder da corrida, erra o ponto, diminuindo a marcha. Abel encerra a corrida antes da chegada, já festejando e nem percebe a chegada de Ivan. Ao invés de aproveitar a distração do adversário e ultrapassá-lo, Ivan diminui o ritmo e alerta o companheiro, quase empurrando-o para a linha. Abel chega em primeiro. Ao ser questionado por um jornalista sobre a atitude, Ivan justifica:

“Ainda que ganhar me valesse um lugar na seleção espanhola, não teria ultrapassado. O que fiz é melhor do que ter ganho a corrida. Isso é importante, porque do jeito que as coisas estão no futebol, na sociedade, na política, onde parece que tudo vale, um gesto de honestidade vai bem.”

É disse que precisamos. É a isso que me refiro. 
Veja o vídeo.

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