terça-feira, 12 de março de 2013

1001 Vozes do Mundo Antes de Morrer


Sei que não dá pra conhecer todas as vozes fenomenais que existem por esse mundo. Mas eu queria e pronto. 

Gente comum. Pessoas cujo talento passa há quilômetros da fama e, no máximo, são conhecidas nas cidades que cercam a comunidade onde vivem. Mas bastou abrir a boca e muda o ambiente, a luz, muda a cor. É muita gente. E por algum motivo inexplicável, a vida é mais curta do que o aceitável pra conhecer tantas vozes. E tem a coisa dos livros. Como querer ler todos os livros? Quantos livros dá pra ler em uma vida? Fiz as contas esses dias, fiquei fulo. Quero ir até uns 85 anos, de lambuja, a conta fechou em uns 1000 e...uns poucos. Como é que é? Em uma vida toda? É pouco. E estou falando de coisa boa, não a escória da arte, da música, da literatura.  

Empresário José Mindlin - mais de 40 mil livros raros

Então, livros do tipo “1001 livros pra ler antes de morrer” ou “1001 discos pra ouvir antes de morrer” são deprimentes, pois quem listou deve ter feito a mesma conta. Pra cada Paul McCartney ou...vamos deixar aqui só o ex-beatle como exemplo – quantos milhares de artistas tão bons ou melhores não vou saber, nem aplaudir? E por quê? A produção humana não cabe no youtube, não tem nuvem que dê conta. E não é uma questão de terabytes. Se a tecnologia dá conta, não vai dar é tempo. 

José Mindlin, empresário falecido em 2010, foi o maior bibliófilo brasileiro, dono do maior acervo particular do Brasil. Em vida, doou mais de 40 mil livros raros para USP (Universidade de São Paulo). Um dia, perguntado se já tinha lido todos os livros que tinha, foi sereno na resposta: "- Não. Mas algum dia talvez os leia e é bom que estejam ali. É bom que estejam ali, ainda que sequer sonhe um dia a todos ler, porque cada um deles me deu o contentamento de encontrá-lo e adquiri-lo, muitas vezes após uma procura e de um noivado de muitos anos. E, ademais, não estão ali apenas para mim, mas também para os outros, pois, se não os li, alguém um dia os lerá.

E Mindlin viveu até os 95 anos. 

Perceber que o tempo é curto me tranquilizou. Parei de colecionar CDs e baixo menos músicas a cada dia. Só as que realmente importam. Leio uns livros, outros dou aos amigos. Tanto os que já li quanto os que sei que não vou ler. Todo esse não alcance, fruto de muita produção pra curtir  em uma breve passagem, deve ter um motivo, uma trama. Quem sabe um dia a gente descobre o por quê...

ouça Abigail Sziga. Uma linda voz...

Um comentário:

  1. É verdade. Eu faço o que posso. Atualmente , em um mes, lí cinco livros e já estou no sexto já pensando qual será o próximo. Eu tenho uma "fome literária". E o meu espírito agradece!

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